*Antonio Nunes de
Souza
Embora exista inúmeras Ongs na defesa dos direitos
humanos, leis, decretos, etc., acredito que jamais vamos conseguir extinguir
esse sentimento que entranhou dentro dos seres vivos. Digo vivos, pois até no
reino animal, este é comprovado cientificamente.
No nosso país, onde o coquetel de cores é de uma
riqueza esplendorosa, encontramos em todas as camadas sociais, empresariais e
econômicas, uma discriminação tão evidente e clara como a luz solar.
Nas grandes festas e comemorações, as pessoas de
cor são agraciadas com convites, sempre com as expressões ridículas e
consideradas normais: Vamos chamá-lo que ele é um preto muito importante e
diretor da Simpson Company, ela é uma negra lindíssima e atriz de tv, é um cara
de muita classe e rico que nem parece que é preto, ele é preto e um pouco casca
grossa, mas é um grande jogador de futebol e vai abrilhantar a festa. E assim
sucessivamente, dizendo com a maior simplicidade e naturalidade esses chavões
grotescos, querendo separar o joio do trigo, quando na verdade somos todos um
monte de joios metidos a trigo.
As empresas no recrutamento de funcionários, sem
dúvida nenhuma, quando se referem a “boa aparência”, querem dizer nada mais
nada menos, que preto ou mulato, só se for muito bonito e extremamente
competente. E, podem observar através das atrizes e modelos, que os negros
aproveitados nessa área, são os que têm características faciais brancas.
Secretárias então, raramente nos batemos com uma feia ou de cor Não conheço
nenhum negro (a) considerado bonito que tenha suas características faciais
normais predominantes (Narizes chatos, lábios grandes e grossos, cabelos “pimenta
do reino” e queixos pronunciados). Não falo dos dentes, pois nesse particular
eles são imbatíveis. No setor comercial/empresarial ainda existe, além do
preconceito racial na admissão, a evidente discriminação de salários entre os “coloredes”
e os pseudos brancos. Esses últimos, sempre são melhores remunerados e ocupam
os melhores cargos.
Não é que esse mal seja genético, mas é uma
tradição colonial que enraizou em nossas entranhas através de vários séculos
que, infelizmente, hoje se consegue disfarçar, às vezes até muito bem, mas
nunca elimina-lo totalmente. Talvez, com a miscigenação desenfreada que campeia
no mundo, daqui a alguns milhares de anos, quando fatalmente seremos todos
pretos e mulatos (pela força poderosa da etnia negra), possamos comemorar uma
igualdade de cor e direitos. Mesmo assim ainda correremos o perigo de algum
mulato metido a besta, que por seu tataravô ter sido irlandês, queira se achar
com direitos especiais.
Devem todos os farsantes hipócritas tirar suas
máscaras de defensores dos direitos humanos e, em vez de punições tolas que não
corrigem o problema, apenas faz com que as pessoas reprimam as palavras, mas
não os pensamentos, o importante é educar as crianças desde o maternal (e
muitos pais também), para que aprendam desde cedo que nós somos iguais, apenas
com características diferentes.
No âmbito geral o fato é também digno de atenções,
pois num país onde se bate no peito e diz que não existe preconceitos de cor,
raça e credo, diariamente você ouve as expressões mais absurdas contra essas
pessoas e crenças. Por exemplo: Quando alguém de cor comete um lapso: “Só podia
ser coisa de preto!”. Se for estrangeiro: “Esse gringo branquelo pensa que está
na terra dele”. Se for índio ou descendente: “Lugar de índio é no mato!”. Com as
religiões o procedimento é levado para a chacota: Se você não é farrista é
“crente”. Se alguém tem manias é “macumbeiro”. Se a moça não quer ficar é
“freira”. E assim, sucessivamente, existem milhares de exemplos que
caracterizam claramente o sentimento preconceituoso, nada velado, do povo
brasileiro.
Em vez de tantos órgãos para defender (?) os
direitos humanos, muito mais importante seria um investimento maciço na
educação, ensinando o que é respeito
humano.
*Escritor Membro da Academia Grapiúna de Letras
antoniodaagral26@hotmail.com
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