Antonio
Nunes de Souza*
Marli poderia ser filha de um
padre (conheci vários que eram e são pais), Pai de Santo, Macumbeiro, Rabino,
Monge budista ou outro religioso qualquer, inclusive até de um homem comum sem
ligações maiores com religiosidades ou crenças. Mas, para que a verdade seja
dita, essa linda moça era filha do Pastor Eduardo, conhecido e altamente
conceituado na região, graças seus cultos enxertados de pregações bonitas,
inteligentes, convincentes, que prendiam seus fieis durante horas ouvindo e
aplaudindo suas maravilhosas mensagens!
As Aleluias e mais Aleluias,
misturadas as Glorias a Deus eram uma constante na lotada igreja, sinalizando a
vizinhança que, naquele momento, o Pastor Eduardo estava apascentando suas
ovelhas!
Até aí tudo bem, admirável e
bonito, mas tenho que mostrar o paradoxo de tudo isso, falando sobre como era o
comportamento de sua única filha, moça lindíssima, corpo escultural, estudante
de direito com aproveitamentos impecáveis na faculdade, porém, por uma
fatalidade, havia sofrido um acidente (atropelamento) e, infelizmente, perdeu
ambas as pernas na altura dos joelhos, passando quase um ano hospitalizada até
a sua recuperação física e psíquica. Contudo, depois dessa tragédia, Marli
resolveu deixar de lado os salmos e os versículos bíblicos, dedicando-se
seduzir com a sua beleza todos os homens que podia, entre os jovens colegas
que, pelas suas idades, não ligam muito para alguns detalhes quando desejam
satisfazer suas necessidades sexuais. E, como ela era realmente tentadora e
sexy, nada era difícil nas suas diárias conquistas. Havia um detalhe que era ao
seu favor, pois, antes do acidente, todos viviam babando por ela e Marli só
pensava em ir para o céu ficar ao lado do Senhor. Então...depois dessa
abertura, mesmo sem uma parte das pernas, ainda era gostosa e também dava um
sabor de vingança e desejo reprimido na rapaziada!
Começou a frequentar festa,
eventos, shows, pagodes, etc., sendo que seus amigos e colegas (todos
interessados em transar com ela), iam buscá-la de carro, comiam, bebiam e,
estranhamente, tiravam ela para dançar, segurando-a pela cintura, ela colocava
suas coxas encaixadas de tal forma nos parceiros, que pouca era a força
necessária para uns minutos de dança e esfregação. No fim da noite os mais
espertos a pegavam e, levando para sua casa (um pequeno sítio perto do centro),
paravam em uma árvore que tinha um galho onde as crianças durante o dia armavam
gangorras, colocavam Marli pendurada com suas mãos, baixavam suas roupas e, com
a cumplicidade e desejo dela, partiam para uma engenhosa e inusitada transa
florestal. Por mais estranha que pareça, essa operação era quase que diária,
fazendo a felicidade de Marli e, consequentemente, daqueles que desfrutavam de
tal inusitado comportamento. Acabada a transa, eles a levavam para casa
dando-lhe beijos de boa noite! Mas, num
curso de férias apareceu um estudante de outra faculdade e, como não conhecia a
cidade, pediu aos colegas informações sobre como ele poderia transar numa boa
sem complicação. Logo informaram a Marli como o ideal para ele pela facilidade
e porque a essa altura, ela já estava tão viciada que não enjeitava parceiros!
Noite de seresta na faculdade,
todos se reuniram e nosso visitante também no meio, quando viu Marli, ficou
logo assanhado, pois, sentada, por sua beleza e corpo bem feito, seios lindos e
pontudos (ainda), qualquer homem esquecia e nem olhava a falta dos joelhos para
baixo. Ele começou a dança com ela, se adaptando as posições que a essa altura
ela já orientava suas novas conquistas e, depois de algumas horas, ela pediu
para ir para casa, já pensando na trepadinha arborizada no caminho. No lugar
previsto, pediu para parar o carro, orientou o visitante e, sem nenhuma
conversa, mandaram “ver” sem dó nem piedade, só parando quando gozaram
demoradamente na mesma hora. Ela chegou a babar de emoção! Ele pegou Marli no
colo, levou para o carro e seguiu para casa dela. Mas, no caminho, o álcool já
havia passado e ele arrependido, chegou a porta da casa, tocou a sirene e,
quando o Pastor Eduardo apareceu, chorando e envergonhado, falou entre lágrimas
para o ministro de Deus: Senhor, me perdoe, pois me aproveitei de sua filha e
agora estou trazendo-a para casa!
O Pastor Eduardo, com sua voz
pausada e sacro-santa, apenas disse com um sorriso nos lábios: Meu filho pare
de chorar que Deus lhe perdoará, pior são uns filhos da puta que, além de
comerem ela, deixam lá nua e pendurada para eu ter que ir buscar pela manhã!
*Escritor Membro da Academia
Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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