Antonio
Nunes de Souza*
Imagino
que nem o mago dos cirurgiões plásticos, Pitanguy, conseguiria melhorar aquela
cara estranha e esquisita do nosso personagem Tanure. Um homem feio na
expressão máxima da palavra. Tudo no seu rosto era fora dos padrões, inclusive
para maior: orelhas, olhos, dentes, nariz, boca e bochechas. Parecia uma
personagem de desenho animado, com exageros em suas características. Tudo
grande demais, porém com um corpo normal e elegante!
Ele
apareceu em nossa cidade há uns dez anos, ainda com seus dezessete anos, sem
parentes, filho árabes, trabalhando de “faz tudo” para todos, entrou numa
escola pública e, aos troncos e barrancos, além de esforços, consegui terminar
seu curso secundário, dando-lhe a oportunidade de arranjar um emprego de
zelador e porteiro de um prédio de classe média alta, uma vez que já era
conhecido por todos, fato normal em cidades pequenas e, na verdade, com toda
sua feiura, era um primor de pessoa, especialista em tratar todos muito bem e
educadamente!
Pela
pessoa boa que era, fazia até que não reparássemos mais na sua estranha
aparência, pois, sua bondade terminou camuflando tal incrível feiura. Já
conseguíamos olha-lo com certa naturalidade!
Aí,
sem que ninguém esperasse, uma advogada, viúva, com uns quarenta anos de idade,
muito bonita, que havia perdido seu marido num acidente de moto, com boa
situação financeira, inesperadamente, começou a dar mole para nosso feioso
Tanure. Ele, inocentemente e não imaginando que isso poderia acontecer, levava
a coisa para uma delicadeza ou generosidade da linda moradora!
Ela
sempre, discretamente, levava um presente para ele, quando sozinhos puxava uma
conversas meio descabidas, mas, para ver suas reações, etc. Até que um dia, ela
não suportando conter os seus desejos, pediu pra que ele, após seu expediente,
foi até o seu apartamento que iria lhe pedir um favor!
Foi
aí que tudo aconteceu. Ele subiu, tocou a campainha e, quase morre de susto,
quando Dra. Dayse Martins apareceu com um baby-doll sumário pra atende-lo. Ele
foi dando a volta e dizendo: Desculpe, eu venho mais tarde! E ela, já com seu
maquiavélico plano, nem pestanejou. Puxou ele pelo braço e, sem nenhuma
parcimônia, agarrou-lhe dando um beijo que quase sufocava o pobre coitado!
Daí
pra frente o couro comeu solto, pois ela pela viuvez e ele pela feiura deviam
ter muito tempo que tranzaram. Então foi uma transada das mais violentas e
carinhosas que poderiam realizar.
Simplificando,
ela teve que mudar-se para Salvador e, logicamente levou Tanure que, na
capital, voltou a estudar, fez direito e hoje trabalham juntos no belíssimo
escritório de advocacia: Tanure Chanakian & Dayse Martins!
Uma
prova que não existem pessoas feias, feias são as faltas de qualificações de
cada indivíduo em seus comportamentos!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário