Por que elas gostam de apanhar?
Antonio Nunes de Souza*
Noventa e nove por cento das minhas crônicas, artigos, poemas e pequenos contos são, verdadeiramente, criados e elaborados pela minha desajustada e criativa mente, procurando imaginar algo inusitado e vanguardista que, mesmo com nuances loucas, não só alcance meus objetivos hilários, mas também possa estar, nas entrelinhas, enviando alguma mensagem para ponderação e reflexão! Felizmente, graças a Deus, se é que Ele se mete em alguma loucura dos seus filhos, tenho alcançado meus objetivos, atendendo de alguma forma meus poucos e benevolentes leitores!
Hoje, entrando no meu um por cento de nostalgia e lembranças, em função de ter conhecido uma moça, bonita, agradável, formação universitária, jovem de vinte e poucos anos, mas, absurdamente, fanatizada e enfeitiçado por um namorado soldado de polícia, com modos e costumes embrutecidos, nível inferior cultural, educação certamente de poucos princípios em função do padrão familiar que foi criado, etc., Enfim, não posso estar adjetivando o rapaz, pois pode parecer uma discriminação a sua profissão, porém, sabemos nós que, na guarnição militar, nas suas fileiras de soldados, raramente se encontra alguém que não seja com esse perfil traçado acima!
E o pior é que, com essas características, não a quer mais e ela, sem a mínima noção de amor próprio, quer a todo custo que ele reate o namoro forçosamente, fazendo barracos (atitude desprezível e ridícula), absurdamente, não percebe como está procedendo de uma maneira, simplesmente, tola e medíocre, perante todos que se respeitam e sabem dar valores as suas pessoas. E, somente os amigos verdadeiros tem a coragem de tentar abrir os seus olhos, mesmo correndo o perigo de serem maus interpretados, Mas, mesmo que isso aconteça, com o tempo, a pessoa vai ver que temos ou tivemos razões para sermos frios, objetivos, honestos e sinceros!
Esse fato que citei acima me fez lembrar do meu querido avô, velho filósofo e experiente em todas as vertentes da vida, que sempre repetia quando cabia na conversa: “Ela gosta mais de apanhar que mulher de Apache e de soldado!” Isso me deixava curioso, mas demorei bastante para lhe pedir explicações, até que um dia, na varanda da nossa casa, após um gostoso almoço, perguntei para ele, pedindo inclusive explicações, sobre essa afirmativa que ele sempre repetia. E ele, naturalmente e calmo, me disse: Sempre fui um grande frequentador de cabarés (antigas casas de tolerâncias) e naquela época, todas as mulheres eram apaixonadas pelos soldados de polícia e eles, nas suas poses em função da farda e a arma na cinturas, sempre as tratavam mal, dando umas bolachas nas mais escandalosas, trocando sempre de amantes, deixando sempre suas marcas ou sequelas nas mais idiotas. Todos viam e sabiam, mas, eles eram respeitados pelas suas profissões de “homens da lei”!
-Tudo bem vovô, essa explicação me convence, mas a as mulheres dos Apaches?
-Essas meu netinho somente tomei por base uma porrada de filmes de cowboy que vi desde criança e, quando aparecia uma tribo, as mulheres se cagavam de medo dos seus maridos, pois, por qualquer coisa, eles puxavam pelos cabelos, amarravam nas suas tendas e, algumas vezes, saiam arrastando nos cavalos. E elas, quando eles voltavam, pareciam verdadeiras santas!
-Essas explicações tem sentido, entretanto, na atualidade, onde as mulheres enchem a boca para dizer que está preenchendo seus espaços, certamente não cabe esse comportamento insólito e tolo de se arrastar com subserviência para um coronel, quanto mais para um soldado!
Essas coisas do cotidiano nos faz recordar de nossa infância querida que os anos não trazem mais. Porém, servem para que as lembranças venham à tona, quando encontramos pessoas que estão atrasadas e obsoletas com os hábitos, costumes e comportamentos atuais. Uma pena que essa cegueira ainda exista!
*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com