Antonio
Nunes de Souza*
Você deve estar imaginando
que meu carnaval foi “infernal”, como fabuloso, maravilhoso, tranquilo,
músicas, bebidas, mulheres, danças, sensualidades e muitas sexualidades! E isso
tudo é o que se espera de uma festa deslumbrante, cheia de sonhos e fantasias,
ocasião que as pessoas libertam seus corpos, suas almas e, principalmente, os
desejos libidinosos reprimidos em função das condenações medíocres da hipócrita
sociedade, que comete todos pecados as escondidas e pregam um comportamento
mentiroso, pensando que somos todos idiotas!
Pois, nem sempre acontece
como esperamos, surgem uns acidentes de percursos filhos da puta que, por mais
experiente que você seja, sempre lhe colocam em dificuldades totalmente inesperadas.
Esse foi o meu caso: Peguei meu carro, recheado de bermudas, camisas regatas,
sandálias, short para banhar-me nas praias, grana no bolso, cartões de créditos
todos liberados, saúde “em cima”, tudo, meticulosamente, preparado para a
grande festa momesca seja de arromba e me deixar feliz e cheio de saudades. Aí
começou a minha odisseia! No primeiro posto que passei fui parar numa blitz e,
para meu azar, minha carteira de habilitação estava vencida, o guarda além de
me aplicar uma multa, prendeu o veículo, alegando que eu não poderia nem ir
para frente nem para trás. Os guardas eram daqueles que cumprem, rigorosamente,
a lei que você está sempre exigindo que se faça, mas, quando é com você, acha
que ele é “Caxias” e um bom sacana perseguidor. Não cheguei a perder minha
esportiva, peguei minha bagagem resolvido a tomar o primeiro ônibus que
passasse e seguir o meu caminho, indo desfrutar as delícias de Salvador. Depois
de pegar um ônibus daqueles que vão parando em todas as cidades e pontos,
cheguei e fui logo pegando um taxi direto para o hotel que havia reservado pela
NET. Lá chegando, a moça da recepção que eu havia contatado tinha sido
despedida, pois não anotava as reservas e havia criado um problema de super
lotação. E, minha reserva, nem estava anotada na agenda da recepção. Resultado:
Não tinha vaga! Briguei, xinguei, chamei o gerente, mas, o que ouvi foi apenas
mil desculpas.
Resolvido a não me aborrecer
mais, peguei outro taxi e saí a procura de hospedagem, mas, tinha que ser perto
dos circuitos, uma vez que eu estava sem meu carro. Rodamos pra caralho e,
depois de uma hora, consegui uma pensão de terceira, para ficar dividindo o
quarto com outra pessoa. Imagine a merda ficar com alguém totalmente desconhecido.
Mas, a essa altura, tudo era válido para consertar as merdas que estavam
acontecendo. Paguei o pacote de sete dias adiantado como exigência da
proprietária, tomei um banho, troquei de roupa e fui para o Shopping Iguatemy
para ir buscar os meus dois abadás já encomendados e pagos (Camaleão e
Timbalada). Quando eu ia saindo, depois de enfrentar uma fila retada, veio um
arrastão de bandidos infanto/juvenil, com facas e canivetes, levando celulares,
compras, e as pessoas que tinham acabado de receber seus abadás. Claro que os
meus foram levados, juntamente com meu celular e relógio! Fiquei cheio de ódio,
raiva e triste, por ver a merda que é transitar em qualquer cidade. Porém, como
estava decidido a brincar e não deixar que nada me desanimasse, voltei pra
pensão para descansar um pouco, refazer as forças, esquecer os acidentes e
passar a desfrutar do que realmente fui fazer: Brincar e ser feliz!
Mas, ao chegar no quarto, não
vi as minhas coisas e fui falar com a dona da pensão aí ela me contou, chorando
bastante, que o homem que estava no quarto comigo já devia uma mês de
hospedagem e fugiu sem pagar e ainda levou sua mala. Que, infelizmente, ela não
tinha condições de pagar e o que poderia era me devolver o dinheiro do pacote
que eu havia pago. Olhei as condições da hospedaria e da dona, percebia-se,
claramente, que ela não tinha nenhuma condições de me ressarcir. Recebi minha
devolução, saí, peguei um taxi e segui para a rodoviária, puto da vida, mas
tendo a felicidade de não ser agraciado com uma bala perdida. O primeiro ônibus
que passava por minha cidade, foi o que tomei, dando graças a Deus ter ainda
poltronas vagas para enfrentar a longa viagem.
Isso tudo aconteceu na sexta
e no sábado, cheguei no domingo de madrugada, depois que o ônibus furou o pneu
duas vezes, mas, graças a Deus, sem acidentes. Cheguei em casa, liguei minha tv
e fui olhar o que pretendia gozar na capital, sentindo na pele como é um
carnaval “infernal”! Quinta feira vou ao SAC para providenciar a renovação da
carteira de habilitação e voltar a poder dirigir o meu carro!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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