quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vamos nos educar mais um pouco!


                                                                Antonio Nunes de Souza*

Tinha prometido ao meu juízo que descansaria e daria uma trégua a ele, com relação a escrever alguma coisa relativa à política. Não por desgostos pelos resultados, pois, concordando ou não, sempre acato a vontade do povo e, sinceramente, sofro e divido as dores, quando escolhem errados e são enganados pelos espertos candidatos.
Desta feita estou me voltando a um comportamento que nada exprime um gesto de cidadania e, ao mesmo tempo, seguramente, altera resultados nas escolhas dos candidatos, muitas vezes, prejudicando aqueles que mais se preocupam em apresentar planos, projetos, modificações importantes e outros fatores assistenciais em benefício comunitário e são, barbaramente, massacrados e cobertos pelas músicas e ritmos dos mais potentes sistemas de som dos seus concorrentes. Os candidatos mais sagazes e velhas raposas, já sabendo disso, inclusive graças a isso chegaram onde estão, contratam seus criadores de jingles mais competentes, gravações bem elaboradas, refrões com sentidos dúbios e até maliciosos, letras que desqualificam os adversários, em fim, um ataque em massa que, geralmente, conseguem resultados esplendidos de simpatia e preferência com a grande massa de cantantes e reboladores das caminhadas e passeatas!
Imagino que será muito difícil modificar esse sistema implantado no nosso “país do carnaval”, onde qualquer evento (hoje até os sacros santos) é regido ou acompanhado por cânticos, danças e movimentos corporais. Não sou careta não, mas, sou do tempo em que a missa era uma representação do sofrimento de Cristo e, obviamente, requeria um silencio absoluto para que se fizessem reflexões sobre a bondade de Deus e o sacrifício do seu filho em favor da humanidade! Tenho saudades do meu tempo de coroinha que, com minha modesta latinidade, ajudava minhas missas chocalhando meus sinos e incensando os fieis!
Lembrei essa parte religiosa para fazer uma analogia as nossas caminhadas, carreatas e passeatas, tipicamente carnavalescas, quando na verdade deveriam ser desfiles cívicos, patrióticos, com faixas e cartazes expressando planos e projetos, qualidades e comprovação de competência dos candidatos, demonstrando para o povo as intenções de cada um, principalmente suas capacidades de executarem suas promessas. Mas, ao contrário de tudo isso, o que temos o desgosto de ver é um amontoado de homens e mulheres se requebrando nos Raps, pagodes, arrochas, forrós, axés, etc., grande maioria com suas latas de cerveja nas mãos, uma esfregação contaminada pelo álcool, transformando um desfile que deveria ser para uma seletividade de competências em escolhas inadequadas.
Já temos carnaval o ano todo (micaretas, S. João, S. Pedro, festas semanais, ensaios de blocos, shows eventuais, etc.), vamos tentar dar um caráter de maior seriedade na área política, respeitando-a mais, demonstrando que estamos nos educando para valorizar o futuro do nosso país. A isso chama-se cidadania e civilidade!

*Escritor (Blog Vida Louca – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)

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