Antonio Nunes de Souza*
Supomos que já está passando a hora de tomarmos as devidas providências com relação às inscrições para o concurso “Passageiro da Agonia”, que deverá ser realizado no próximo ano, juntamente com as eleições municipais.
Obviamente, você está estranhado esse inusitado concurso e, esperando que expliquemos, já deve ter feito mil conjecturas, imaginando que se trata de algo absurdo e engraçado. Mas, na verdade o assunto é bastante sério, devendo ser encarado com patriotismo, amor à vida e uma perpetuação de espécie com uma qualidade mais eficiente e validade mais ampliada.
Não precisa que ninguém seja um novo Nostradamus para fazer uma previsão que com as hecatombes, tragédias, poluições, terremotos, maremotos, vulcões e a famigerada dengue, a tendência é o mundo se acabar pela segunda vez. E, como uma nova versão do dilúvio da “Arca de Noé”, os estaleiros brasileiros já se capacitaram para a construção de uma monumental e quilométrica arca, aproveitando os recursos do PAC, juntamente com as doações de políticos influentes, que desejam camarotes especiais.
Imagino que você pensou: Como assim levar dezenas ou centenas de humanos, se a história diz que se deve levar um casal de cada espécie?
Podemos explicar com detalhes as razões dessa modificação, pois, como da vez anterior Noé levou apenas um casal de cada animal existente na terra, a lotação foi grande e exaustiva, mas, desta feita, com os extermínios de uma série de animais que nós acabamos com as espécies, as vagas ampliaram bastante (olhe que matamos bichos à beça). E, logicamente, os políticos reivindicaram essas vagas para eles, foi aprovado na câmara e no senado, exigindo uma primeira classe especial.
Como não temos alternativas para derrubar essas leis esdrúxulas, só nos resta fazer um concurso nacional para o casal que obtiver a primeira colocação seja o escolhido como representante do povo brasileiro, responsável de repovoar a nova terra, no sentido de servir aos políticos, reelegendo-os normalmente como faz hoje. Igual a colonização, os políticos esperam que na nova terra possam encontrar tribos indígenas para poderem utilizá-los como escravos, enganando-os com apitos e espelhos.
A inscrição será de apenas um quilo de alimento não perecível, que será destinado a alimentação durante a viagem. Chamamos atenção que, como vamos levar em torno de 600 políticos (titulares da câmara e do senado, apenas), vale a pena que no ato da inscrição seja anexado como complemento e presente espontâneo, vinhos, whiskys, champanhe e algumas iguarias de qualidade para agradar os “homens”, para ver se nas próximas e novas gestões eles pensem mais nas necessidades do pobre povo!
Observação: “Caso nossa modesta premonição não se concretizar até as eleições de 2012, já estamos pedindo desculpas antecipadas e direcionaremos os alimentos arrecadados para os abrigos e casas pias. Assim como, se a nova arca naufragar em função dos pesos das consciências dos políticos, não acataremos reclamações indenizatórias de algum parente sobrevivente. Será, simplesmente, uma obra de Deus”!
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com)
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