domingo, 2 de agosto de 2020

SORTE OU AZAR?

Antonio Nunes de Souza*

Por mais que tenhamos visto nessa terra de meu Deus, sempre acontece algo completamente inusitado, que nos surpreende bastante pelas suas características, completamente fora de todos os contextos!

Esse caso ocorrido com Rafael Padilha da Cruz é um exemplo dos mais verdadeiros, curiosos e interessantes que tive a felicidade, ou infelicidade de acompanhar de perto, tanto o seu começo como o resultado final

Rapha como era chamado em toda cidade, homem próspero, trabalhador, dono de uma boa serraria especializada na confecção de diversos tipos de urnas funerárias (caixão de defunto) e, logo depois, montou uma majestosa capela para velórios, pois, com essas duas atividades, todos os enterros tinham que passar pelas suas mãos, consequentemente, trazendo bons faturamentos.

Como tratava-se de uma cidade de porte médio, os óbitos eram poucos e a empresa começou a sentir enfraquecimentos. Então... Rapha na preocupação financeira, passou a fazer promessas para que ampliasse mais os óbitos na cidades e região para que ele tivesse uma clientela em massa para estabilizar suas finanças. Acendia velas daquelas gigantes diariamente para os santos, e fazia suas orações noturnas acompanhadas do pretensioso pedido.
Aí, algum Santo, querendo ser bom, inesperadamente, enviou essa epidemia da coronavírus e, sem que esperássemos, começou a morrer gente as dezenas em toda região e Raphael teve que ampliar os negócios, colocar mais funcionários, fabricar até caixões de papelão e outros materiais. Ao mesmo tempo que trabalhava bastante, sorria de ver a entrada de dinheiro não só dos parentes como das administrações governamentais. Sua vida passou a ser de casa para a serraria, idas aos hospitais, cemitérios, capela de velórios, etc., deixando sua linda esposa solitária em casa, criando uma revolta e arrependimento desse casamento. Mas, segurava a barra para ver até que ponto aguentaria essa união.

O fato que a serraria passou até a exportar urnas para outros estados, os faturamentos quadruplicando diariamente e, para simplificar, infelizmente nosso querido Rapha se contagiou, foi acometido da doença, não resistindo depois de 30 dias veio a falecer, deixando uma verdadeira fortuna para sua esposa que, imediatamente a calmaria da situação, mudou a empresa para fabricação de móveis, vendeu a capela de velórios, deixando completamente para trás, qualquer coisa relativa a mortes.

Hoje Maria da Penha está de cacho com um garotão que dirige a serraria, vive viajando pelo Brasil, Europa, Estados Unidos e América Latina, e o pobre Rapha junto com seus clientes em algum lugar. Tomara que pelo menos seja no céu!

Essas são as grandes ironias do destino, pois, para Penha, a endemia foi uma coisa maravilhosa!
Tenha cuidado com suas promessas e pedidos, pois os resultados poderão não ser favoráveis!

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com



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