Antonio
Nunes de Souza*
Mediante
as boas perspectivas de ganho de uma fatia respeitável do território baiano
nessa região, as tribos do Xingu, índios verdadeiros e comprovados, acharam por
bem preparar uma excursão com vários ônibus, claro que com a ajuda da FUNAI,
para que pudessem se solidarizar aos seus distantes irmãos Pataxós!
Como
todos nós sabemos e conhecemos, as tribos da região amazônica são realmente
composta de índios verdadeiros e autênticos, que preservam suas culturas,
línguas ou idiomas, muito embora uma fatia deles já está se familiarizando
tanto com os hábitos, como também com as tecnologias que, não é de se duvidar
que dentro de alguns anos, todos se transformarão em mestiços e não mais será
necessária essa divisão de etnias, assim como está acontecendo com os negros
que, paulatinamente, está produzindo a etnia brasileira, ou seja, mulatos com
características mescladas de brancos, negros e uma fatia de índios, onde
veremos negros com cabelos lisos, sem as narinas achatadas, olhos verdes ou
azuis, etc., talvez uma nova etnia que, com a influencia genética dos negros,
certamente, será bem mais fortalecida e menos passiva de doenças.
Voltando
a causa principal do assunto, podemos acreditar que nossos indígenas das
paragens amazônicas, ficarão assustados e estarrecidos quando depararem com
esses pseudos pataxós, que temos até dúvidas se nas suas três últimas gerações
passadas, tinha alguém que pudéssemos registrar como índios tribais autênticos,
pois o que os caciques do Xingo encontraram foi um amontoados de mulatos e
sararás que nunca pegaram em um arco e, malmente, devem conhecer uma lança.
Vestir-se como índio não é difícil para ninguém, pois, muito tempo atrás, eu
mesmo fazia minha fantasia de Sioux ou Cheyenne com penas de galinha e peru,
tanga de saco de aniagem, colares de contas e, bastava pintar a cara e umas
penas na cabeça, estava ali representando um verdadeiro índio, mas, sem querer
tomar as terras alheias alegando que eram herança dos meus antepassados.
Simplesmente para brincar o carnaval!
As
televisões, jornais, rádios e blogueiros, ávidos para ver esse histórico
encontro, se aglomeravam com suas câmeras e microfones em volta duma roda
composta pelos chefes representativos das tribos visitantes e a as locais,
obviamente para conversarem e fumarem o cachimbo da paz. Mas, quando os
caciques Touro Sentado e Nuvem Serena se depararam com os caciques locais,
Touro Sentado se levantou de um salto, Nuvem Serena deu dois relâmpagos e um
trovão e, indignados disseram em coro: “Nós não acreditamos no que nossos olhos
estão mostrando. Se branco fizer DNA desses supostos índios, vai encontrar no
máximo 5% de descendentes de terceira ou quarta geração indígena, misturados
mais que PF de restaurante de terceira na beira das estradas.”
Foi
uma completa celeuma, “babau” que a reunião/encontro foi para o brejo, os
índios entraram nos ônibus e, já saindo, um repórter perguntou a Touro Sentado
qual era sua opinião sobre o assunto. E ele, sem pestanejar disse: “Se o
governo tiver que devolver terras produtivas, com seus donos administrando há
dezenas de décadas, terá que devolver toda nação brasileira aos índios, pois,
quando todos aqui chegaram somente haviam índios no território brasileiro. Mas,
fazer agora uma nova “capitania hereditária” em favor dos índios ou seus
descendentes e supostos, seria uma atitude nada benéfica e que traria sérios
constrangimentos para todos os envolvidos!”
Com
essa declaração enfática a caravana partiu cantando uma canção na autentica
língua tribal que, apenas consegui traduzir um único verso do refrão, que em
nosso português seria assim: “Porra meu irmão, porra meu irmão, perdemos nosso
tempo vindo aqui para esse chão!”
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna –
antoniodaagral26@hotmail.com
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