domingo, 10 de novembro de 2013

Vamos para o sul da Bahia!

Antonio Nunes de Souza*

Mediante as boas perspectivas de ganho de uma fatia respeitável do território baiano nessa região, as tribos do Xingu, índios verdadeiros e comprovados, acharam por bem preparar uma excursão com vários ônibus, claro que com a ajuda da FUNAI, para que pudessem se solidarizar aos seus distantes irmãos Pataxós!
Como todos nós sabemos e conhecemos, as tribos da região amazônica são realmente composta de índios verdadeiros e autênticos, que preservam suas culturas, línguas ou idiomas, muito embora uma fatia deles já está se familiarizando tanto com os hábitos, como também com as tecnologias que, não é de se duvidar que dentro de alguns anos, todos se transformarão em mestiços e não mais será necessária essa divisão de etnias, assim como está acontecendo com os negros que, paulatinamente, está produzindo a etnia brasileira, ou seja, mulatos com características mescladas de brancos, negros e uma fatia de índios, onde veremos negros com cabelos lisos, sem as narinas achatadas, olhos verdes ou azuis, etc., talvez uma nova etnia que, com a influencia genética dos negros, certamente, será bem mais fortalecida e menos passiva de doenças.
Voltando a causa principal do assunto, podemos acreditar que nossos indígenas das paragens amazônicas, ficarão assustados e estarrecidos quando depararem com esses pseudos pataxós, que temos até dúvidas se nas suas três últimas gerações passadas, tinha alguém que pudéssemos registrar como índios tribais autênticos, pois o que os caciques do Xingo encontraram foi um amontoados de mulatos e sararás que nunca pegaram em um arco e, malmente, devem conhecer uma lança. Vestir-se como índio não é difícil para ninguém, pois, muito tempo atrás, eu mesmo fazia minha fantasia de Sioux ou Cheyenne com penas de galinha e peru, tanga de saco de aniagem, colares de contas e, bastava pintar a cara e umas penas na cabeça, estava ali representando um verdadeiro índio, mas, sem querer tomar as terras alheias alegando que eram herança dos meus antepassados. Simplesmente para brincar o carnaval!
As televisões, jornais, rádios e blogueiros, ávidos para ver esse histórico encontro, se aglomeravam com suas câmeras e microfones em volta duma roda composta pelos chefes representativos das tribos visitantes e a as locais, obviamente para conversarem e fumarem o cachimbo da paz. Mas, quando os caciques Touro Sentado e Nuvem Serena se depararam com os caciques locais, Touro Sentado se levantou de um salto, Nuvem Serena deu dois relâmpagos e um trovão e, indignados disseram em coro: “Nós não acreditamos no que nossos olhos estão mostrando. Se branco fizer DNA desses supostos índios, vai encontrar no máximo 5% de descendentes de terceira ou quarta geração indígena, misturados mais que PF de restaurante de terceira na beira das estradas.”
Foi uma completa celeuma, “babau” que a reunião/encontro foi para o brejo, os índios entraram nos ônibus e, já saindo, um repórter perguntou a Touro Sentado qual era sua opinião sobre o assunto. E ele, sem pestanejar disse: “Se o governo tiver que devolver terras produtivas, com seus donos administrando há dezenas de décadas, terá que devolver toda nação brasileira aos índios, pois, quando todos aqui chegaram somente haviam índios no território brasileiro. Mas, fazer agora uma nova “capitania hereditária” em favor dos índios ou seus descendentes e supostos, seria uma atitude nada benéfica e que traria sérios constrangimentos para todos os envolvidos!”
Com essa declaração enfática a caravana partiu cantando uma canção na autentica língua tribal que, apenas consegui traduzir um único verso do refrão, que em nosso português seria assim: “Porra meu irmão, porra meu irmão, perdemos nosso tempo vindo aqui para esse chão!”

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com




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