quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sonho e esperança!



                                  Antonio Nunes de Souza*

Era uma mulher maravilhosa! Um corpo perfeito com todas as peças nos lugares certos, seios lindos rígidos e pontudos com tamanhos adequados, o quadril tão bem formado que parecia que fora esculpida por Michelangelo, seu rosto tinha todas as características de uma beleza nórdica, que é na verdade o padrão internacional de beleza, suas pernas eram tão bem torneadas que não se percebia os joelhos, dado sua uniformidade até a junção dos seus pezinhos delicados!
Era um raro espécime que apenas tinha duas coisas que não combinavam com essas características citadas. Não que fossem deméritos, apenas era uma combinação de mixagem de tipos étnicos, parecendo uma criação laboratorial e, curiosamente ela era negra e os seus cabelos crespos poderiam não combinar com esse deslumbrante, divino e maravilhoso ser. Mas, sinceramente, tudo era uma perfeição!
Quando ela andava com seu porte de rainha e a elegância impecável, seu belíssimo corpo parecia estar zombando dos nossos gulosos olhares para suas nádegas, que jamais mereciam ser chamadas de bunda. Seria um sacrilégio e um demérito com aquele santuário!
Como todos nós mortais passíveis de detalhes que, lamentavelmente, nos sacaneiam, ela também tinha o dela, que suponho não agradá-la. Ela tinha aquela doença de pele chamada de Vitiligo, que faz aparecer uma série de manchas brancas pelo corpo e, até hoje não tem uma cura definitiva, pois se trata de uma falha orgânica do indivíduo não produzindo uma substância necessária para a coloração uniforme da pele. Infelizmente, a ciência ainda não descobriu como fazê-la no laboratório. Mesmo assim, por incrível que pareça, essa combinação de cores (preto e branco), ela não deixava de ser uma perfeita mulher. Uma estrela que botava fogo nos nossos desejos sexuais. Eu, que a admirava mais que tudo, intimamente e secretamente, coloquei o seu apelido de Dálmata. Uma linda cadela, meiga, linda, charmosa e sabe dar e receber carinhos! Assim era minha querida e inacessível Luana Dálmata, meu desejado exemplar canino, que, por muitas vezes, me levou a generosas masturbações solitárias, apenas usando a fértil imaginação de um desejo guloso e libidinoso!
Confesso que um dia cheguei a sonhar que era um pastor alemão e, quando minha querida Dálmata passou por mim na rua, eu, com a liberdade canina, corri atrás, dei umas cheiradas no seu sexo protuberante, lambi babando de satisfação e, prontamente, me equilibrei em seus ombros e fui me introduzindo sem dó nem piedade, sem ligar os transeuntes que olhavam admirados e sorrindo, até que me engatei com toda segurança possível. Jogaram-me água fria, me bateram com uma vassoura, gritaram, jogaram coisas, mas, eu não largava de jeito nenhum. E, minha cadela, gostando também, virava-se de lado e me lambia todo, alimentando minha tesão embutida e guardada por tanto tempo. Acordei daquele jeito: em petição de miséria! Mas, realizadíssimo e pensando como seria bom se esse sonho um dia pudesse se realizar com minha querida e poderosa Luana Dálmata!
Depois desse episódio me voltei a olhar para a doutrina espírita com mais atenção, pedindo ao Nosso poderoso Senhor que me reencarne como um lindo cão, que não tem cerimônias para fazer e atender seus caprichos e necessidades nas horas que as oportunidades despontam!
Quero me chamar Rex e já estou aprendendo a latir: Au, Au, Au, Au!

*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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