*Antonio Nunes de Souza
Os primatas começaram se comunicando através de gestos e atitudes bruscas para explanar os seus desejos. Mas, como essa forma de comunicação era muitas vezes mal interpretada e violenta, passaram a usar os grunhidos em diversas tonalidades e intensidades, cada um dando sua tradução, porém sem uma compreensão relativamente correta.
Então, com o passar do tempo, eles foram desenvolvendo uma linguagem, chegando ao ponto que a comunicação verbal passou a ser a maneira mais lógica e correta, para que os homens pudessem se entender, sem que houvesse a necessidade do uso da violência para impor os seus desejos.
Foi criado o diálogo, onde cada indivíduo podia expor sua idéia, os outros ouvirem, analisarem, aprovarem ou contradizerem, procurado-se um bom senso para se chegar a um denominador comum, com um resultado onde todas as partes envolvidas fossem beneficiadas de forma igualitária.
Entretanto, para que fosse firmado um compromisso entre as partes, percebeu-se logo a necessidade da criação da escrita. E, tempos depois, esta foi se desenvolvendo através de sinais gráficos, desenhos, etc., até ser criado um alfabeto, facilitando consideravelmente o poder da palavra escrita.
Essa explicação pobre e sucinta da evolução da comunicação entre os homens, que utilizei exclusivamente para ilustrar o que direi adiante, serve apenas para rememorar esse trabalho de milhões de anos que, estupidamente, hoje não utilizam com coerência, imparcialidade e, na maioria das vezes, nem utilizam.
Quero referir-me a brutal violência posta em prática pelos homens, quando querem resolver qualquer questão, por mínima que seja, utilizando arrogância, força bruta, poder econômico ou político ou o já tradicional tráfico de influência, por demais banalizado em nosso meio.
Existe uma razão real para que esses fatos ocorram?
Claro que sim! Todos nós sabemos que o Brasil tem leis oficiais (algumas bastante obsoletas), mas, infelizmente, essas não são postas em prática com o rigor necessário em função dos governos não darem apoios adequados ao judiciário e ministério público, para que estes possam cumprir, adequadamente, suas funções. A sobrecarga imposta aos militantes dessa conceituada classe é de tal ordem assustadora, que se torna impraticável o cumprimento das exigências forenses em tempo hábil para atender as necessidades da sociedade. Os acúmulos de processos nas diversas varas são de uma proporção avassaladora, pois o número de juízes, promotores e serventuários da justiça, não são compatíveis para dar vencimento às ações que chegam cotidianamente. Isso sem falar nas insólitas instalações físicas, que deixam a desejar (em todos os sentidos), fazendo com que seja necessário se levar os processos para serem lidos e analisados com a tranqüilidade devida, em suas residências. Isentamos completamente essa classe de abnegados homens que, mesmo com esforços acima dos seus limites, lamentavelmente, não podem cumprir dignamente os seus trabalhos.
Acreditamos que, pelas razões expostas, a comunicação entre os homens venha sendo cada vez mais esquecida nas ocasiões precisas, e cada um procura resolver seus problemas utilizando as mais esdrúxulas atitudes, culminando com a violência. Pois, infelizmente, eles já se convenceram que, por culpa dos políticos, no Brasil a justiça tarda e falha!
Vale salientar que as razões expostas acima, são as primordiais. Entretanto, para complementar o absurdo, ainda nos deparamos, eventualmente, com homens que deveriam fazer cumprir as leis e, vergonhosamente, vendem sua moral em detrimento ao sofrido povo brasileiro, pois sabem que nada acontecerá com eles.
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)
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