Antonio Nunes de Souza*
Estamos nas vésperas do S.João, santo que teve seu nascimento anunciado por uma fogueira e, logo em seguida, uma comemoração com festanças, bebericagens e cantorias que, com a descoberta da pólvora pelos chineses, foram incorporados fogos para que o brilho do evento fosse digno do seu patrono.
Lembro-me na minha juventude que saímos pelas casas da cidade e gritávamos nas portas: S. João passou por aqui? E as famílias mandavam entrar, serviam licores, canjicas e outros derivados de milho, sempre numa mesa farta de bolos e outras iguarias deliciosas. Tenho que ser saudosista, pois, infelizmente, jamais terei novamente a alegria e tranqüilidade de desfrutar de tais prazeres com a paz de outrora.
Comecei com essas lembranças juninas, mas, na verdade o que está me preocupando são os verdadeiros homens bombas. Não os fanáticos religiosas do mundo árabe, pois esses seguem suas convicções, hábitos e culturas que, certamente, ainda durarão alguns milênios para haver mudanças. Refiro-me aos marginais criminosos, assassinos e assaltantes de banco que, absurdamente, passaram a explodir as casas bancárias, mais precisamente os caixas eletrônicos, causando danos materiais e financeiros, não só aos bancos, como também para os comerciantes que acolhem esses equipamentos, facilitando a vida dos seus clientes e da população em geral.
Essas quadrilhas estão se espalhando por todo território nacional, se aproveitando das cidades menores nos interiores, já que nesses lugares o policiamento é mínimo e a população, geralmente, é pacata e boa índole. O pior é que, nem os bancos, nem a polícia, conseguiram um plano de proteção adequado, a não ser um insólito projeto de tingir as notas no ato das explosões, mas, tranquilamente, os bandidos já estão com um antídoto que apaga a tinta e as notas poderão circular sem problemas.
Do jeito que está caminhando, em breve, assim como os marginais dominam o jogo de bicho livremente, as máquinas caça-níqueis, bingos, cassinos clandestinos e outras contravenções, passarão a ser donos dos caixas eletrônicos, implantarão o “Explodecard”, e nós, pobres mortais, teremos que usar para fazer saques, em vez de cartões de crédito, pistolões adrianinos ou caramurus a depender do valor que estejamos querendo sacar.
É lastimável essa nossa convivência, tendo que assistir que as chefias dessas ações estão protegidas nas melhores e seguras penitenciárias do país, tudo por nossa conta e não se encontra uma solução para acabar com esses crimes.
Que Deus me perdoe, mas, seria preferível que fossem deixados soltos esses manda-chuvas do crime, pois, quando fossem prende-los novamente, poderia haver uma “troca de tiros” e, acidentalmente, eles falecerem. Porém, como está, eles vivem super seguros e nós aterrorizados, trancafiados e gradeados em nossas casas, sem ter o direito de ir e vir, de conformidade com nossos direitos de cidadãos!
Observe que o assunto é sério, mesmo com algumas observações debochadas nas entrelinhas (faz parte do meu estilo), porém, lamentavelmente, cada dia aparece algo para tirar nossa tranqüilidade e dificultar nossa qualidade de vida.
Temos que reconhecer que todos nós temos uma parcela de responsabilidade, não devemos culpar apenas os governos, sem antes procurarmos mudar também nossos comportamentos. Gostaria de ter tempo para ver o reconhecimento das comunidades, seguindo o que Ruy Barbosa, sabiamente disse: “A pátria é a família amplificada!”. Então, se cuidamos de todos, todos serão beneficiados!
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com)
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