*Antonio Nunes de Souza
Como sou partidário de todos os movimentos favoráveis aos direitos humanos, igualdade de todos, etc., e estando em São Paulo, não poderia deixar de ir apreciar a Parada Gay para dar o meu modesto apoio aplaudindo, como também me deleitar com boas risadas em função de alguns exageros que geralmente são cometidos, principalmente para escandalizar os falsos puritanos conservadores de normas obsoletas, esquecidos que estamos no século XXI e, convenientemente, cegos em não enxergar que houve uma grande evolução de hábitos e costumes na raça humana.
Assim que me instalei num lugar privilegiado, notei que ao meu lado estava uma família e, junto ao pai, um garotinho com uns nove anos aproximadamente, usando um boné e com os olhos vivos procurava através da longa avenida, o desfile que lentamente caminhava ao longe. Ouvi quando sua mãe falou:
-Calma Julinho! Daqui a pouco a parada estará aqui!
-E mamãe...está demorando muito!
Olhei para eles e dei um sorriso para o pai do garoto, que segurava sua mão com bastante firmeza, talvez preocupado com a possibilidade de o menino perder-se no meio da monstruosa multidão, que a cada minuto crescia nas ruas.
Os olhos de Julinho estavam vibrantes, acesos e mexiam para todos os lados não querendo perder nenhuma cena que se passava na avenida. Mas, como ver tudo se a multidão era imensa, as músicas, fantasias, performances, trejeitos, cenas de amor e carinho, etc., eram tão continuas e volumosas? Por mais ágil que a visão humana pudesse ser, jamais captaria completamente aquele gigantesco desfile de protesto, mais parecendo ser de vitória alcançada. Acredito mais nessa segunda opção, pois, mesmo oficiosamente, todos sorriam, aplaudiam e se deliciavam com tudo que estava se passando, mostrando através das suas fisionomias, que devemos mudar nossos conceitos e aprender urgentemente respeitar as opções alheias, desde que não infrinja os nossos direitos, nem as regras estabelecidas na lei. Devemos esquecer certos ensinamentos ultrapassados, onde o amor só pode ser praticado entre um homem e uma mulher.
O amor é algo (sentimento ou ilusão) que desabrocha inesperadamente pela identificação entre pessoas, provocação da libido, oportunidade, carência e, algumas vezes, pela busca de tudo isso.
Quando não existe nada disso, logicamente, não se trata de amor. É outra necessidade fisiológica chamada sexo. Que, ao meu ver, é a melhor das nossas necessidades corporais em todos os sentidos. Senão, vejamos:
Primeiro: Geralmente pratica-se deitado em uma cômoda posição (as variações fazem parte do tema. Mas, o papai/mamãe até hoje é bastante apreciada).
Segundo: Somos estimulados através de toques, odores e, muitas vezes, somente com o olhar. Aliás, esse último é sempre o primeiro.
Terceiro: Baixo custo. Uma vez que existe interesse de ambas as partes e, logicamente, o prazer e desejo são recíprocos, nada se gasta a não ser algumas calorias (muito mais bem gastas do que ficar correndo feito um louco pelas avenidas da cidade). Porém, caso não se tenha os cuidados necessários, alguém pode ganhar peso através da barriga ou contrair doenças perigosíssimas. A falta de precaução pode causar prejuízos e desastres irreparáveis. É como comer bacalhau: Uma delícia! Mas, se não evitar as espinhas, as despesas médicas e hospitalares serão altas.
Quarto: Quando você acaba de satisfazer essa necessidade sente-se relaxado, feliz, vitorioso e saciado temporariamente (jamais definitivamente). Resultados esses, não encontrados nas nossas outras necessidades fisiológicas, onde as posições são humilhantes, os odores horríveis, altos custos alimentícios e a absurda perda de 30% de nossa vida dormindo. Sem contar o tempo que perdemos na nossa imperiosa higiene pessoal. Sinceramente, acredito que quem fez essa distribuição de tempo para nossas necessidades fisiológicas era eunuco.
Todas essas coisas passaram pela minha cabeça, quando de longe, observava o garoto Julinho vendo o desfile da “Parada Gay” realizada em Sampa. Lembrei-me do princípio básico do direito milenarmente buscado pelos homens, que é a liberdade (de expressão, pensamentos, profissões, etc.) E por que não no amor? É fundamental respeitar para que se tenha respeito. Ninguém é obrigado a seguir padrões ditados por uma sociedade obsoleta, uma vez que esta vem deixando muito a desejar em dezenas de outras áreas, ficando parada no tempo sem acompanhar o processo evolutivo.
Portanto, que cada um tenha sua opção sexual, sem, contudo, jamais condenar outros por terem preferências diferenciadas. Inclusive, vale salientar que, segundo estatísticas, o crescimento do homossexualismo está tão acelerado em termos de aderências, que nos deixa a dúvida que vivemos num mundo de enrustidos.
Eu, particularmente, levanto essa bandeira para a quebra de preconceito por duas razões muito fortes: O livre arbítrio em todos os sentidos e por minimizar a concorrência. Pois adoro as mulheres!
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com).
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