terça-feira, 14 de maio de 2013

Ficção - O terror hidrográfico!


                                       Antonio Nunes de Souza*

Ao ligar meu receptor da TV mundial e universal, já que somente temos uma única estação de transmissão via satélite, com tradução simultânea para todos os idiomas e dialetos terrestres, pude ver em quarta dimensão, uma notícia que, pela sua repetição, vinha assombrando todos os países, sem que a polícia internacional tivesse condições de amenizar esse tipo de prática criminosa. Estou referindo-me aos roubos arquitetados por quadrilhas internacionais das mais altas periculosidades, especialistas em roubos de cargas de água potável!
Estamos no ano de 2051, mas, desde os anos de 2035 que já acontecia fatos que davam para se prever que, dentro em breve, isso se tornaria uma rotina, deixando em perigo a população, pois, nessa época, os marginais já assaltavam os meninos que iam para as escolas tomando suas doses de um copo de água para sanarem as suas sedes diárias. Diga-se de passagem, que essa modesta dose, era ofertada pelo governo, já que a água que, eventualmente, corria nas torneiras, não tinha mais condições de serem recuperadas em função da alta poluição de mercúrio, coniformes fecais e outras sujeiras provocadas pelos comportamentos dos homens em nome do grande (?) progresso.
Naquele momento aparecia ao vivo uma quadrilha de andróides fabricados para esse fim, utilizando metralhadoras a laser e, a sua direita, outro caminhão tanque com uma mangueira fina e eficaz, que sugava toda água para seu recipiente, enquanto a polícia responsável pela fiscalização da distribuição na cidade tentava combater esse terrorismo urbano. E, essa modesta, mas, preciosa carga, estava acabando de chegar de um aproveitamento de um restante de geleiras do pólo norte, custando uma fortuna aos cofres públicos em termos de valores de importação.
Fiquei bastante triste e estarrecido, fui tomar o meu banho genérico no chuveiro de raios ultra limpex e, recordando meu tempo de criança, lembrei-me dos maravilhosos banhos que tomava no meu querido rio cachoeira, hoje, como a grande maioria do mundo, não mais existe!

*Escritor –Membro da Academia Grapiúna de Letras –                   antoniodaagral26@hotmail.com

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