domingo, 20 de janeiro de 2013

Os perigos do carnaval!


                                Antonio Nunes de Souza*

Não podemos negar que na ocasião do carnaval quase a totalidade dos brasileiros soltam a franga, esquecem as inibições, mandam seus hábitos pudicos as favas, praticam atos que assustam até os diabos de plantão. Mas, tudo isso é tão repetido todos os anos, cada vez mais intenso, que, os mais sérios e conservadores, já climatizados aos costumes, apenas esperam para ver o que de novidade acontecerá, a coleção de letras musicais ridículas, mistura de ritmos com batidas das mais lentas até as mais rápidas, provocando e estimulando novas ou repetidas formas de danças que, sempre são concentradas no requebrar das bundas, movimentos dos braços e cabeças, num exercício físico capaz de levar um pobre coitado novo na arte e folia, em um cliente urgente de um fisioterapeuta para fazê-lo voltar a dar alguns modestos passos no quarto do hospital!
Brincar carnaval em Salvador, por exemplo, não depende somente da alegria, precisa, literalmente, que você tenha uma forma física qualificada para resistir uma caminhada atrás de um bloco, cercado de milhares de componentes, aprisionado por cordas e cordeiros, recebendo tombos, cotoveladas pisadas de pés, bafos de bebidas, catingas dos sovacos suados e banhos de cerveja oferecidos pelos idiotas que acham lindo esse comportamento. Aliás, para alguém com o juízo no lugar, jamais poderá considerar que essa aventura possa ser chamada de “brincar”!
Sem nenhuma dúvida, trata-se de uma transloucada aventura que, com todos esses acontecimentos, proporciona dezenas de prazeres mundanos, compensando os sacrifícios de uma semana de atividades físicas e os gastos com abadás. Sempre encontramos uma parceira boa, bonita e carente que, mascando chicletes como se fosse uma vaca ruminando, prontifica-se a lhe dar e proporcionar um fim de noite cheio de emoções e orgasmos. Claro que se você tiver resistência no raiar do dia de enfrentar uma transa. Pois, normalmente, você chega como se fosse um CD (comer e dormir), mas depois de tomar um banho, se transforma em um DVD (deita, vira e dorme). Esse fiasco é decepcionante e uma perda de oportunidade, muitas vezes irrecuperável, fora o desgaste do seu conceito na roda feminina!
Embora tenha essa conceituação da animada e famosa festa do Rei Momo, mesmo sendo cheia de agonias e agitações, já estou a noventa dias fazendo exercícios na academia, matriculei-me numa escola de dança, fiz um check-up total, estou tomando fortificantes e, com fé em Deus, estarei nos blocos da Ivete, Timbalada, Armandinho, Olodum e Daniela.
Como amigo, sugiro que você coloque em dia seu plano de saúde e parta para as folias momescas, enfrentando os gostosos perigos do carnaval!
Não consigo me controlar, pois, gosto de viver perigosamente!

*Escritor (blog Vida Louca – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)

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