quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

SEDUZIDO PELA ARTE PARISIENTE!

 

Antonio Nunes de Souza*

Convidado a participar de uma coletânea sobre famosos pintores mundiais, aceitei a ideia, escolhendo para mim um que admiro profundamente, além de ser um dos maiores ícones da França: Pierre Auguste “Renoir”!

Seus mais expressivos e maravilhosos quadros são: Lise, Rosa e Azul e Retrato de Claude Renoir. São obras fantásticas que encontram-se expostas no Museu Louvre em Paris. E, como adoro viajar, me programei para mais uma vez fazer um tour a cidade luz, aproveitando para escrever vendo e admirando as obras, exatamente no país onde foram carinhosamente elaboradas!

Preparei-me, com passagens e passaporte, fiz minha malinha simples, pois, provavelmente lá compraria algumas roupas da moda, além de meu perfume Kouros, que me delicia há dezenas de anos. Ao chegar, dirigi-me ao hotel que sempre fiquei em viagens anteriores, me acomodei, indo descansar já que era ainda sete horas, para na parte da tarde, começar meu turismo cultural!

As treze horas, levantei, tomei um bom banho, vesti-me, desci para almoçar e, logo depois, segui no metrô para a Rue de Rivoli, onde fica o monumental Museu do Louvre!

Ao me deparar com aquela belíssima estrutura de ferro e vidro, meu coração disparou de emoção, imaginando que, em poucos minutos, estaria em frente as maiores obras de artes existentes no mundo. Isso, para quem sabe admirar o que é belo, é uma coisa deslumbrante que não tem preço!

Entrei, dirigi-me ao balcão de recepção, aluguei um equipamento especial que, ao nos aproximarmos da obra, ele imediatamente diz o autor, data, nome da obra e outros detalhes relativos, de grande importância para o visitante!

Fui me deleitando, juntamente com centenas de turistas e estudiosos que circulavam ao mesmo tempo, uma mistura de línguas que parecia a “torre de babel”, entre olhos esbugalhados de prazer e alegria, por estarem no meio da maior pinacoteca da Europa. Nisso, observei alguns pintores fazendo cópias, onde destacava uma moça linda e um corpo admirável estruturalmente, copiando o quadro de Rafael chamado “Madonna di San Sisto”, considerado sua maior obra! Fiquei parado em frente, não só admirando a obra fantástica, como a que ela pintava e, principalmente a pintora pela sua beleza, uma pele branquinha como se fosse uma boneca de porcelana, com lindos e lisos cabelos negros. Fiquei paralisado por esses três coisas, ela me olhou curiosa, e como sou meio alourado e tenho olhos azuis, deve ter presumido que eu era de algum país nórdico. Deu um sorriso, balançou a cabeça e nada disse. Mas, eu curioso, falei: Ça va? E ela respondeu simplesmente: Oui, Ça va!

Sinceramente, não me deu mais vontade de continuar minha jornada, já que tinha uma semana para fazer tranquilamente! Naquele momento o que me interessava era conhecer aquela mulher bonita, que me entusiasmou mais que as obras de artes! Demorei tanto e com olhos vidrados, que ela não se conteve e falou para mim: “est-ce que vous parlez francais?”

-Nom. Je parle portugais. Je sui brasilian!

Ela deu uma risada gostosa e falou: Eu também sou brasileira, estudo na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, e estando de férias, aproveitei para pintar alguma coisa maravilhosa!

Ri bastante e fiquei aliviado, pois, falando a mesma língua, mais interessante seria para provocar uma amizade. Ela parou, me apresentei dizendo-lhe da minha condição de escritor e historiador, porque estava em Paris e que morava na Bahia, precisamente em Salvador. Por outro lado, ela me disse que se chamava Andreia e estava no seu último ano para formatura em artes plásticas, porém, já tinha feito várias exposições, com quadros espalhados, não só no Brasil como no exterior!    E, como já era fim da tarde, a convidei para tomar um vinho com alguns dos bons queijos franceses e suíços, e ela aceito numa boa, foi guardar seu cavalete e tintas no lugar indicado para isso, e saímos, muito embora, lá mesmo tivesse tudo isso, porém, fora teríamos lugares românticos e aconchegantes a nossa disposição!

Sugeri que fôssemos para San Michel que é um lugar que as coisas acontecem, escolhemos um barzinho bem aconchegante, com música ao vivo, nos sentamos, bebemos, conversamos, rimos e, o melhor de tudo, nos identificamos muitíssimo, ao ponto de já saímos abraçados carinhosamente, e eu logo convidei Andreia para ir para o meu hotel, para terminarmos a noite com o brilho que Paris merece. Ela disse que estava cheirando a tinta, mas, eu retruquei que ela tomaria um bom banho, ficaria fresquinha e belíssima. Com sorriso e desejo, concordou e fomos direto para o Hotel Florence!

Não é preciso dizer que foi uma noite preciosa, com sexo, prazeres e carícias, algumas confidências e, para minha alegria, ela aceitou, entregar o “Studio” que havia alugado por trinta dias e viria ficar comigo no hotel!

Foram vinte dias que passei amando e sendo amado, diariamente ao meio dia íamos para o Louvre, ela para pintar e eu para explorar as obras, principalmente as de Renoir, em função da publicação que seria feita. No fim do dia, saíamos fazendo excursões pelos lugares belos da cidade, e obviamente, depois voltávamos para o hotel, tomávamos um delicioso banho, começando a nossa meiga e deliciosa seção sexual com carinho, gosto, desejos e incontidos prazeres!

Como eu era casado e ela também, voltamos no mesmo voo, ainda namorando durante a viagem. Ela saltou no Rio, eu segui para Salvador, e nunca mais nos encontramos!

Hoje, divorciado, passados dez anos, estou indo para uma “vernissage” da pintora Andreia Ferreira, no Museu de Arte Moderna da Bahia e, com certeza, farei uma grande surpresa para ela, inclusive vou disposto a adquirir um dos seus quadros, que servirá para marcar minha feliz aventura parisiense!

*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL

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