sábado, 23 de março de 2019

UM CASO!


Antonio Nunes de Souza*

Se nós remexermos nossas memórias, procurando algo que valha a pena ser contado, provavelmente encontraremos alguns acontecimentos dignos de serem conhecidos por outras pessoas, não só citados como exemplos bons, como ruins também, para que sirvam de exemplos e reflexões nos seus comportamentos!
E foi o que fiz hoje, nesse momento, vasculhando a minha ainda ativa memória dos meus quarenta anos de vida, achei por bem relatar minha história de vida e os caminhos que me levaram a alcançar êxitos!

Nasci de uma família pobre, e por que não dizer paupérrima, moradores de roça, analfabetos e sacrificados por terem quatro filhos para criar. E, por essa razão, quando eu tinha seis anos, seus patrões pediram para eles me darem a menina para ser criada na cidade e, nesse período ficaria fazendo companhia ao seu filho que tinha apenas meses mais velho que eu. Meu nome é Kátia e o dele Walmir!
Ele era moreno igual aos pais e eu era branquinha e tinha, ou melhor, tenho olhos claros e cabelos bem lisos.
Na escola notavam que não éramos irmãos, mas nossa amizade era tamanha que parecíamos que tínhamos vindo do mesmo ventre. Um tomando conta do outro e sempre solidários nas horas precisas. Eu, por gostar muito de estudar, sempre estava orientando-lhe e ensinando nas ocasiões das provas. Era uma felicidade completa essa irmandade, principalmente porque os pais dele nos dava o maior apoio! Meus pais verdadeiros saíram da fazenda e foram morar na Paraíba e, como consequência, perdi completamente o contato, uma vez que minha verdadeira família era a dos pais de Walmir, que me criaram com todo carinho e mimos!
Resultado é que com o passar dos anos, fomos vendo que nossa amizade e afeto não era apenas fraternal e descobrimos que havia algo mais entre nós, que poderíamos dizer que era um amor carnal e cheio de encanto!
Então, já com nossos dezoito anos, na faculdade, começamos a namorar claramente, mas, sem a aprovação inicial da família, já que para ela, nós éramos irmãos. Mas, com o passar do tempo, as coisas foram chegando para os lugares e as aprovações passaram a ser completas. A essa altura já tínhamos transados várias vezes, até mesmo dentro de casa e, praticamente, vivíamos como se fossemos um casal.
Então, inesperadamente, já que não usávamos camisinhas ou outro qualquer preservativo, eu engravidei do nosso primeiro filho. Com essa situação inesperada, foi marcado nosso casamento, houve uma festa maravilhosa e viajamos em lua de mel para o Rio de Janeiro, como presente de casamento dos nossos pais.
Estou aqui na porta da universidade, pois vim trazer esse meu primeiro filho para fazer vestibular para engenharia, seguindo a profissão minha e de Walmir. Por estar sentada no banco do jardim, sozinha e olhando de longe meu querido filho, veio em minha mente essa passagem maravilhosa da minha vida!
Um caso que deu certo e me traz um grande agradecimento a Deus pelos resultados mais que benéficos! O lamentável é que sem medir esforços, procurei meus três irmão e meus verdadeiros pais e, infelizmente, não consegui localizá-los!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com--antoniomanteiga.blogspot.com

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