*Antonio Nunes de Souza
No início do mundo, em
data não precisa com exatidão, logo que Deus acabou de cria-lo e partiu para
seu descanso domingueiro, deve ter tirado um sono reparador e sonhou que estava
faltando algo: O homem, que seria sua semelhança!
Levantou-se
ou não sei se ele estava levitando, foi a uma olaria, literalmente primitiva,
apanhou uma porção de barro (imagino, de qualidade duvidosa, pois nossos
defeitos não são de fabricação e sim pelo uso de material de segunda) e começou
a esculpir o primeiro ser humano do universo. Como se tratava de sua réplica,
logicamente não teve dificuldades no traçado, pois, com sua habilidade divina,
fazer escultura era fichinha para o Mestre.
Depois de
olhar carinhosamente sua obra prima, disse: Fale, ande e pense! E o homem, como
num passe de mágica, levantou-se, deu bom dia (não sabemos em que língua) e
começou a pensar. Deus deu um sorriso e também pensou: Eu sou f...antástico!
Somente Michelangelo poderá fazer igual, mesmo assim daqui há milhões de anos e
a dele não falará. Há! Há! Há (trata-se de uma divindade, mas ele é gozador).
Como era de
se esperar o homem pensou logo: Que lugar maravilhoso! Pena que não tenha
mulher. Não conseguimos saber até hoje como ele teve essa idéia. Supomos que
ele tenha olhado para suas partes íntimas e sentido que aquilo não servia
apenas para fazer xixi. Era muito grande e ainda arrastava uma pequena sacola
sem utilidade aparente, inclusive, bastante sensível.
Como se
estive lendo seus pensamentos (e realmente estava, pois Ele tem todos os
poderes), falou: Filho, não ficarás sozinho! Todos os animais contam com o seu
par e você terá também o seu! (segundo a história, sua voz era super impostada
e tinha eco, só não sabemos é o tal do idioma).
Pena que
ainda não tinha o vídeo tape, para a gente ver hoje a cara de alegria do homem
quando ouviu essa declaração divina.
Então Deus
disse: Homem (ele já nasceu homem, mas, mesmo sem ter tido infância, nunca teve
traumas por isso), tirarei uma costela sua, para que vocês tenham a mesma
formação genética e farei um outro ser que se chamara mulher!
O cara deu
um suspiro de alívio, imaginando que seria melhor uma costela do que Ele ter
escolhido aquele penduricalho sem utilidade aparente, que pela sua
protuberância, poderia ser essencial e benéfico no futuro. Pois, mesmo não
sabendo o que aconteceria, imaginou logo que poderia rolar alguma coisa
interessante.
Feita a
cirurgia manual (Zé Arigó, Dr. Fritz e outros até hoje tentam imita-lo e não
conseguiram), em alguns minutos surgiu uma linda mulher (claro que não foi
Julia Roberts).
Novamente
lamento a falta do vídeo tape, pois o cara deve ter babado de alegria ao
deparar-se com sua primeira companheira. Olhou cuidadosamente os seios
pontudos, o bumbum proeminente, sem pelos e, na frente, uma pequena rachadura
exatamente no mesmo lugar onde ele tinha o penduricalho e imaginou logo: Rapaz
isso vai dar trovão! (não existia samba naquela época e o único som era dos
trovões).
Ele correu
logo para beijar os pés do Senhor e agradecer aquela dádiva.
-Calma
homem! Vocês viverão aqui no paraíso e seu nome será Adão e o dela será Eva!
Porém, jamais poderão cometer pecados, senão serão penalizados!
-A partir de
hoje vocês terão o livre arbítrio e tudo vai acontecer em função das suas
atitudes. (Como disse antes, Ele é bom, mas é gozador. Foi como hoje dar muito
dinheiro a um cara e proibir de gastar).
-Fique
tranqüilo Mestre! Seremos fieis e faremos jus a sua confiança.
Já que Deus
não leria mais seus pensamentos, ele fez a primeira imaginação pecaminosa do
homem que a história conhece: Um paraíso desse, uma mulher do lado, feita a mão
com o maior carinho e ninguém pra azarar, se eu não me segurar vai dar o maior
bundalelê (Latino copiou esse termo nas escrituras).
E não deu outra! Apareceu
a tal cobra bastante assanhada (não sabemos se foi de cabeça chata e triangular
que é venenosa ou cabeça redonda que expele leitosidade, porém não mata, apenas
faz inchar a barriga por tempo determinado). Acho que foi a segunda. Ela
sugeriu logo que o homem comesse a maçã (?) e ele, com a fome que estava, não
pestanejou.
Graças a
essa bendita cobra, nós estamos aqui para contar a história para a humanidade.
Ficando em nossa mente a grande dúvida: Se a intenção divina era essa mesmo e
Ele não queria ser explícito ou a cobra foi uma ação demoníaca.
De qualquer
forma, devemos agradecer sempre a Deus que nos criou e ao bom gosto e sugestão
maravilhosa desse peçonhento e rastejante animal.
*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras
de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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