*Antonio Nunes de Souza
Quando acabei de escrever a
respeito da relação da cobra com o homem, a história do Paraíso, etc.,
imediatamente veio em minha mente uma série de dúvidas a respeito da densidade
demográfica do mundo, partindo de um único casal: Adão e Eva.
Segundo contam, esse casal
teve apenas dois filhos: Caím e Abel. E assim sendo, mesmo que eles fossem os
precursores da homossexualidade, não poderiam ter tido filhos, pois, até os
dias de hoje, mesmo com a tecnologia avançadíssima, ainda não é possível à
gravidez masculina.
Lógico que fiquei pirado com
tal fato! Uma vez que estou sempre preocupado com nossa origem, e gostaria de traçar
uma árvore genealógica mais próxima possível da realidade palpável e menos
abstrata.
O que será na verdade que
aconteceu?
Fontes meio duvidosas me
contaram que (não é sacrilégio, estou apenas repassando o relato), como naquele
tempo não se levava em consideração ou desconheciam-se os graus de parentescos,
o incesto era encarado com naturalidade. Aliás, ninguém nem sabia o que era
isso. Tudo mundo era de todo mundo, bastava apenas aflorar o desejo e pronto.
Então, logo que os meninos
ficaram rapazes, suponho pela minha ignorância por não me esclarecerem até hoje
essa dúvida, começaram a olhar a mãe com outros olhos e intenções, resultando
em relacionamentos agradáveis, prazerosos e sem nenhuma condenação, pois ainda
não existia sociedade para impor preconceitos.
Resultado: Começou a nascer
sobrinhos irmãos, primos tios, netos sobrinhos, avô cunhado, tia avó, etc..
Minha fonte relatou que nem folha de parreira usavam mais, pois enrolava na
hora e ficava parecendo charutinho árabe (talvez daí tenha vindo à idéia da
iguaria tão apreciada).
Tudo corria as mil
maravilhas, até que um dia pintou um tal de sentimento que hoje é conhecido com
o nome de amor! Cara, eu sabia que essa
merda só apareceu no mundo para criar problemas! Abel andou dando muito em cima
de uma das meninas que Caím estava apaixonado (além de primeiro filho ele
também foi o primeiro idiota), num impulso de ciúme, Caím matou o irmão sem dó
nem piedade (voltou ao pódio como o primeiro assassino do universo). Mas, como
não havia polícia, leis, juízes (mais ou menos como hoje: existem, mas não
funciona), não deu em nada e o processo demográfico foi se ampliando cada vez
mais, transformando o lindo paraíso nesse formigueiro de gente.
Seria injusto da minha
parte, se não confidenciasse como consegui dados e informações para escrever
detalhadamente essa meio desconhecida parte da história:
Tenho um velho papagaio que,
ouvindo esse relato transmitido bico a bico pelos seus antepassados (pois foi o
único animal, com exceção do homem, que já nasceu com o dom de falar), que me
contou e pediu para eu levar esse segredo para o túmulo. Mas, como não sou baú,
mato a história da cobra, digo, a densidade demográfica, sem precisar mostrar o
pau.
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras – antoniodaagra26@htmail.com
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