terça-feira, 17 de abril de 2012

O comportamento do servidor!



                                             Antonio Nunes de Souza*
Como sou bastante observador, consegui detectar com minúcias o comportamento do funcionário público, suas nuances e as conhecidências do modo de agir da grande maioria dessa classe de servidores.
Para começar, geralmente não chega no horário e, ao chegar, depois dos cumprimentos com seus colegas e arrumar pertences, parte logo para a copa levando seu pãozinho com manteiga ou pedaço de cuscus, solicitando um café para quebrar o jejum do dia, já que nada comeu em sua casa. Alimenta-se tranquilamente, palita os dentes, dá um bom arroto e, quase que automaticamente, vai direto para o sanitário dar aquela deliciosa cagada matinal, às vezes lendo o jornal do dia anterior que o chefe deixou no escritório para ser descartado, sempre tendo o cuidado de ao peidar fazendo força, que o ruído seja baixo pra não receber gozações de quem está no banheiro ao lado.
Depois do estomago recheado o intestino esvaziado e bunda ligeiramente limpa, olha-se no espelho para ver se seu aspecto está legal, penteia os cabelos, retoca a pintura e segue para sua repartição.
Você pensa que ele vai começar a trabalhar?
Ah! Ah! Ah! Ah! Você está brincando! Ainda tem o bate papo entre os colegas comentando o que fez a noite, como foi no colégio, a menina ou o rapaz que transou, o filho que está doente, a sogra que é sacana, a esposa que já está enchendo o saco, a amante que é gostosa, as perseguições do chefe, as queixas por trabalhar demais e o salário ser uma merda, pior ainda, quando tem jogo na véspera que a discussão é dobrada, cada um defendendo o seu time.
Aí você pensa que ele vai começar a trabalhar agora?  Porra nenhuma, meu amigo! Primeiro seus interesses pessoais é claro, pois, como eles pensam e dizem, a filosofia é a seguinte: Essa merda é do governo!
Quase todos vão telefonar para casa para dar e saber notícias, outros para namorados e amigos, alguns para marcarem médicos ou dentistas, colégios e faculdades para saber datas de provas ou resultados e, como é normal, também para bancos para resolver alguns pepinos pendentes de cartões e cheques especiais.
Passado mais ou menos uma hora que chegaram, então começam a olhar as tarefas que deverão fazer, logicamente lamentando que o serviço é demais, e uma parte começa a sua modéstia labuta diária, enquanto outra parte vai fazer uma visitinha aos colegas que são seus amigos e estão em outras salas, aproveitando para fazer uns pedidos de Natura ou vender uns docinhos e paizinhos que faz em casa, tendo também aqueles que vendem roupas e jóias que vão mostrar as novidades e fazer cobranças de prestações atrasadas.
O fato é que, na realidade, somente, aproximadamente, duas horas depois é que começa o verdadeiro expediente, mesmo assim, não tem uma sala que você entre que não encontre um ou dois telefonando ou fazendo coisas particulares nos computadores ou impressoras.
E ainda, para nos deixar mais tristes, alguns vão à privada e deixam no pobre vaso gigantescos toletes cravejados de feijão fradinho, parecendo uns tacos de basebol. E, se não bastasse, são cus altamente pecadores que cagam fedendo, fazendo até os urubus taparem as narinas com nojo. São verdadeiras bostas tóxicas e duras que escorregam pelo vaso deixando riscos como se fosse à assinatura da bunda maldita, que você tem que dar duas ou três descargas para os desgraçados descerem e apagar as rubricas deixadas nas laterais. Fora o castigo de você ter que olhar para a cesta, e ver os papeis higiênicos com aquelas impressões anais todas bordadas de cocô.
Não vou me ater a descrever o resto do expediente, pois lhe deixaria mais triste ainda. Infelizmente faz parte de uma cultura podre e insípida, onde os funcionários se acham na qualidade de donos, pois, além das estabilidades funcionais, contam com a garantia de emprego vitalício, dada e apoiada pelos seus pistolões políticos.
Uma pena que, mesmo com muito trabalho, dificilmente conseguiremos mudar esse quadro tão desolador. É obvio que existe as exceções, mas, sinceramente, são raras e fazem parte de uma minoria que, graças a Deus, segura a peteca! 

*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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