Antonio
Nunes de Souza*
Evandro
era um homem comum, tranqüilo e com sua vida bem administrada dentro dos
padrões classe média baixa, tendo um emprego fixo conseguido através de
concurso, cumpridor de seus deveres e obrigações, criado por sua madrinha que,
pela sua grande religiosidade, passou para Evandro uma personalidade muito
solidária, sensível aos problemas alheios e ajudar era sua forma de viver e se
realizar. Um homem como poucos hoje em dia que somente as graças de Deus,
poderia estar mantendo esse ser num mundo tão controvertido que vivemos.
Podemos dizer que nosso personagem era um iluminado!
E,
mesmo para aqueles que não têm dentro de si ganâncias de riquezas,
eventualmente, por estímulos dos colegas, jogava na loteria, não com aquela
esperança doentia da maioria em ganhar e ficar milionário. Mas, parece que para
essas pessoas, a sorte abre as portas presenteando-as inesperadamente. E
aconteceu uma semana que nosso amigo ganhou uma bolada de 32 milhões, sozinho e
livre do Imposto de renda. Para uma pacata e pequena cidade foi uma festa e
tumulto por vários dias, todos, inclusive a mídia, querendo ver e entrevistar
Evandro que, para ter paz e sossego, teve que se esconder em um sítio oferecido
pelo prefeito.
Aí,
aproveitando a tranqüilidade do lugar, pois nem os funcionários do sítio sabiam
quem era ele e a razão de estar lá, passou a pensar o que faria com semelhante
quantia, já que com seus 28 anos ainda era solteiro, não tinha filhos e sua
madrinha que o havia criado, retirando-o de um orfanato, faleceu há um ano.
Portanto, era um homem sem parentes nem aderentes, porém muito feliz com sua
modesta e organizada vida!
Sem
nem pestanejar, seu primeiro pensamento foi com relação ao orfanato, onde viveu
por vários anos até a sua adoção simbólica (não oficial), quando já estava com
doze anos. Fazia visitas periódicas e, pela sua bondade, sempre levava algo
para as crianças e jovens que lá moravam, inclusive algumas palestras
educativas, graças sua formação adquirida de professor de história: Construirei
um enorme pavilhão para oficinas profissionais, um conservatório de música, um
laboratório completo de química e física e uma biblioteca pra todas as faixas
de cursos e idades. Um posto de saúde com um médico e uma enfermeira para,
exclusivamente, dar assistência aos internos por oito horas diárias, como
também uma enfermaria com alguns leitos, para internamentos nos casos que se
fizer necessário. Nessa parte de meus projetos, não serão determinados os
recursos, pois cobrirei todas as despesas, contanto que sejam feitas as coisas
de conformidade meu desejo e as necessidades. E, para garantir vitaliciamente a
funcionabilidade e manutenção dessas benfeitorias, depositarei dez milhões com
renda mensal em nome da instituição, que será utilizada nessa finalidade!
Obviamente
contaremos com a ajuda dos poderes públicos e da comunidade, pois se trata de
um projeto benéfico para todos que participam direta ou indiretamente. Após a
realização desse projeto prioritário, vou ajudar alguns dos meus verdadeiros
amigos através de empréstimos ou doações. Comprarei uma casa melhor para morar,
trocarei o meu carro por novo e, como sempre desejei, vou tomar um curso
intensivo para fazer vestibular para medicina, desejo reprimido por anos em
função das necessidades outras.
Creio
que com essas atitudes, estarei em paz com Deus e com a minha comunidade. O
restante colocarei numa aplicação com renda mensal e, com essa remuneração,
terei uma vida alegre, feliz e tranqüila, em função de ter ajudado a muitos sem
usar do egoísmo comum da sociedade. O mundo me ensinou que “ser feliz é saber
fazer as pessoas felizes!”
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna –
antoniodaagral26@hotmail.com
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