segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A justiça é cega!

                                    Antonio Nunes de Souza*
Até que ponto vale à pena ficar remando contra a maré?
Será que tornar-se um tolo e teimoso remador contra as correntezas dos rios chegará a algum lugar, ou em vez disso, será levado e tragado pelas águas poluídas?
Respondendo a primeira pergunta posso dizer que já estou cansado, com os braços dormentes, mãos calejadas, olho para os lados e vejo alguns pouquíssimos barquinhos na mesma trilha minha, enfrentando a força do poder das ondas de imundices fétidas, implantadas e enraizadas como a ramificação das baronesas no rio cachoeira. Situação desencorajadora demais!
A segunda pergunta posso dizer que é uma incógnita sonhadora e quase utópica, imaginar que bons resultados serão colhidos, já que outros remadores do passado foram agraciados com castigos, perseguições e, em alguns casos, agressões físicas e até o extremo do homicídio. Nos causa terror e medo!
Quando ouvi pela primeira vez o meu avô dizer que a justiça era cega, eu, na minha ignorância, imaginei que ela era cega porque não enxergava nada e deixava o barco correr a vontade. Então ele me explicou que, ao contrário, ela era cega porque não via privilegiados e todos eram iguais nos seus julgamentos e penalidades. Achei genial essa interpretação e a maneira inteligente e simbólica de mostrar para o povo a figura representativa da lei!     
Aí, o tempo foi passando e fui vendo que nessa meu sábio avô tinha se estrepado, pois, os próprios legisladores da justiça e das leis, trataram de deixar brechas e evasivas nos compêndios jurídicos, no sentido de facilitar suas defesas vantajosas com rendimentos invejáveis. Um corporativismo sem limite (um prende e o outro solta) e terminam atendendo a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, ambos alegando que exercem suas honrosas funções e que a culpa é da lei, que está ultrapassada, obsoleta e a câmara e o congresso nada fazem para mudá-la. Isso não é um jogo de empurra, e sim um jogo de interesses, pois, se houver mudança nas leis, conseqüentemente, haverá uma limpa de milhares de políticos nefastos e especialistas em peculatos.
Mas, mesmo assim, ainda temos a oportunidade de ver, principalmente em outros estados, algumas prisões desmoralizantes de políticos de expressão (deputados, prefeitos, vereadores, secretários, juízes, promotores, altos funcionários do governo, etc.), que, mesmo sendo liberados pelas benesses das leis, são afastados dos cargos e o povo fica sabendo das canalhices desses indivíduos. Esse comportamento policial nos enche de alegria e orgulho e, ao mesmo tempo, uma inveja incomensurável, pois, aqui em Itabuna, nada disso acontece e as coisas correm soltas, as denuncias são enfrentadas com risos, os desmandos cada dia mais absurdos e descabidos que parecem deboches com o pobre povo e a passiva e omissa sociedade organizada.
Não creio, em nenhuma hipótese, que a justiça aqui em Itabuna esteja cega, surda, muda e paraplégica, apenas está esperando para dar uma lição nesses tremendos corruptos na ocasião certa, seguindo outra tônica a ela atribuída: “A Justiça tarda, mas não falha!”
Mas, “Justiça seja feita!”, está demorando demais esse comportamento, que o povo espera com muita avidez e necessidades!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)



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