segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mundo



                                    Antonio Nunes de Souza*
Quem disse que o mundo é imundo,
Nada disse de profundo,
Nem entende de imundice,
Bradou uma grande tolice,
Provando sua idiotice.

O mundo é mais que maravilhoso,
Não existe nada mais primoroso,
Criado com tanto carinho.
As pessoas que nele vivem,
E não são inteligentes,
Criam nas suas mentes,
Fantasias de sofrimentos.
Pra provar que seus tormentos,
São todos culpa do mundo.

Que engano tão profundo,
O mundo não é culpado,
Das frustrações dos homens,
Nem das suas incompetências.
Ele é uma bela moldura,
Das fantásticas loucuras,
Das nossas incoerências.

Quem disse que o mundo é imundo,
Na verdade, mente.
Pois, toda imundice do mundo,
Está na cabeça da gente.

*Escritor  (Blog Vida Louca   ansouza_ba@hotmail.com)    






























domingo, 28 de agosto de 2011

O homem feliz!

                                                                Antonio Nunes de Souza*
Era o que alguém poderia dizer com segurança: Impossível!  Isso não existe!
E o pior era que existia e, futuramente, foi comprovado por toda cidade, causando a mais completa e absurda indignação.
A cidade era pequena e do interior. Logicamente todos se conheciam e os segredos de todos, ou quase todos, já não eram segredos para ninguém. Eu disse quase todos, porque o segredo de Marcos era, inacreditavelmente, desconhecido por todo mundo, inclusive os seus amigos mais íntimos. Pois, quando Marcos chegou para morar na cidade, juntamente com a sua mãe que era viúva, já tinha 10 anos de idade e por isso ninguém conhecia suas particularidades.

Para mim foi um choque tremendo, quando descobri inesperadamente e em circunstancias trágicas, toda aquela desvairada e fantástica historia. Nada poderia ser mais absurdamente incrível do que o que acontecia nas barbas de toda cidade e todos desconheciam e jamais poderiam suspeitar que aquilo existisse e, caso pudesse existir, seria impossível estar existindo tão perto de todos nós.

Marcos era um rapaz relativamente bonito. Não era alto, um pouco magro, tinha uma bunda meio batida e seu andar era engraçado porque ele andava com os pés um pouco para fora, como se estivesse sempre chutando uma bola. Embora usasse óculos, estes até que melhoravam sua aparência, dando-lhe um aspecto enganador de intelectual. Sempre estava participando de festas, pois adorava dançar, principalmente exibir-se para as platéias. Porém, o que mais gostava era de ficar aos beijinhos com as gatinhas, dando uma impressão que não poderia viver sem elas. Seu chamego era tanto que os amigos apelidaram-lhe de Mosca de Padaria. Porque beijava todas as roscas e broas e não comia nenhuma. Algumas vezes a gozação era maior e diziam que ele era igual a uma serpente banguela (dava o bote, mais não comia ninguém).

A verdade é que ele não precisava de ninguém. Era um homem literalmente completo que, mais tarde, veio a dar inveja a muita gente. Seus prazeres eram constantes e sempre estava sorrindo em função de ter uma vida sexual intensa e deliciosa, isto a qualquer hora ou lugar, independente de estar só ou acompanhado. Parece estranho o que eu disse, porém é a expressão viva da verdade, e você logo saberá que eu tenho as minhas razões de assim afirmar.

Marcos era um hermafrodita. Embora tivesse todas as características masculinas (não se levando em conta algumas frescuras eventuais), era possuidor de uma linda e sensual xoxota, situada ao lado interno da sua coxa esquerda que, por estar bem próxima lateralmente do seu saco escrotal, era praticamente imperceptível para qualquer pessoa notar, mesmo ele estando nu. Este seu segredo, que só sua mãe sabia, jamais foi descoberto ou confessado por sua fiel genitôra, fazendo com que ele circulasse normalmente em qualquer lugar, sendo tratado acima de qualquer suspeita.

E, em função dessa agradável (?) anomalia, Marcos não dependia de ninguém para saciar seus desejos sexuais, pois, todas as vezes que ficava excitado, bastava introduzir o seu modesto pênis na sua particular e sedutora vagina e, em qualquer lugar que estivesse, gozava várias vezes, sem que os que  estavam cercando-o percebessem o que estava passando em sua cabeça ou seu membro por assim dizer. Uma vez que já estava habituado a transar em locais públicos, acostumou-se a não deixar transparecer as suas emoções na hora dos orgasmos, ocultando com maestria aqueles peculiares tremores e viração de olhos, tão comuns nessas horas deliciosas.

Entretanto, um belo final de tarde, ao por do sol, estava Marcos na sacada da sua casa admirando a linda praia que ficava em frente, quando surgiu andando pelas areias uma maravilhosa mulher, com um corpo escultural que, sem a menor cerimônia, passou a tirar o minúsculo biquine e encaminhou-se para o mar completamente nua. Ao retornar, depois de molhada, a penugem do seu sexo deixou Marcos tremendamente excitado e desejoso de possui-la.
Na proporção em que se deitava na areia, rolando para os lados, o sol desenhava sua silhueta, provocando cada vez mais o desejo de Marcos em transar com ela.

Nessa altura, já com seu membro totalmente duro e latejando, querendo dizer que era importante uma penetração naquele momento, mais que depressa, dada a sua prática e sagacidade, Marcos sentou-se no baixo muro da sacada da janela do seu quarto, situado no andar de cima do sobrado, cruzou as pernas e introduziu quase que de uma vez todo seu membro na sua particular vagina que, como uma boca gulosa, engoliu aquele pedaço de nervo com a maior alegria. Assim procedendo, começou a bater as coxas, fazendo com que o movimento fizesse com que ele chegasse logo ao orgasmo.

E foi o que aconteceu quase que imediatamente. Marcos gozou logo uma vez, porem achando que era pouco, continuou com o bate coxas até gozar mais duas vezes. Aí, nessa última vez, não conseguindo controlar-se com os seguidos estertores e ejaculações, escorregou janela abaixo, caindo de uma altura de mais de dez metros.

Não precisa dizer que foi o maior vexame. Pois, aquele corpo nu espatifado na calçada, fez com que todos corressem para cima. E, assombrados, dezenas de curiosos em sua volta, ainda puderam ver Marcos, no tremor da morte, ainda gozar mais uma vez e, como últimas palavras, disse: “Graças a Deus eu sempre fui um homem auto-suficiente. Mulher eu sempre olhei como se fossem cobras. Bonitas, coloridas, sensuais, porém perigosas e cheias de veneno”

 *Escritor (Vida Louca – Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)                                         

sábado, 27 de agosto de 2011

MAC-Boston!

                           Antonio Nunes de Souza*

Conheci há bastante tempo um homem que, devido às desditas da sua vida comercial como proprietário de um bar, detestando amargamente tal experiência, tornou-se cético e frio, ao ponto de citar sempre um pensamento nada humano: “Para meus amigos eu desejo câncer, e para meus inimigos, que sejam donos de bar!”
Eu ficava horrorizado, pois, para mim ainda garoto, ser dono de bar era uma maravilha já que teria sempre a minha disposição os deliciosos pastéis, empadas, coxinhas, quibes, refrescos e refrigerantes, bebidas para os adultos e ainda ganhava dinheiro com as vendas.
O tempo passou e ontem, outro amigo proprietário de bar, desabafou tristemente que já não suporta mais atender a uma clientela chata, cheia de dúvidas e mal educada. E, como o ponto comercial lhe pertence e está situado na área mais central da cidade e não existem sanitários públicos nas proximidades, resolveu ele que instalaria meia dúzia de sanitários privados para atendimento ao público, com a certeza que seu faturamento seria garantido, seguro, a vista e com isenção de impostos por tratar-se de utilidade pública.
Achei uma idéia estranha, pois, normalmente, esses equipamentos são móveis e alugados para eventos. Nunca soube de fixos a não ser nas rodoviárias e aeroportos. Mas... como ele deseja e me pediu para ajuda-lo com o nome, preços de cada utilização, organização funcional, etc., não posso deixar de dar uma força para esse amigo. Então, preparei minhas sugestões, fazendo um pequeno micro projeto, indicando que ele levasse ao SEBRAE para ser aprovado e ele ter direito a um financiamento pelo Banco do Nordeste:
a) Razão social: MAC BOSTON – Nome americano que dá status e faz lembrar “bosta” que terá uma ligação grande com o empreendimento.
b) Slogan para publicidade: “Como cagar e mijar sem fazer força!”
c) Número de funcionários: Duas moças com boas aparências, usando, constantemente, luvas cirúrgicas e um rapaz para o serviço de limpeza geral. E, nos piques de movimentos, os proprietários ajudam nas funções diversas.
d) Preços e tipos dos serviços:
Mijada simples masculina = um real – Se precisar que a funcionária dê as sacudidas, ate 5 vezes mais cinqüenta centavos, passando disso, já será cobrado como masturbação  e vai para 5 reais.
e) Mijada masculina complicada: Será considerada complicada as de portadores de problema de próstatas, que demoram, mijam duas a três vezes seguidas, trocam fralda, usam papel, etc. = 3 reais. E caso deixem pingar na tampa do vaso ou no chão, seja acrescida de uma taxa extra de um real.
f) Mijadas femininas: 1,50 reais, pois usam papel higiênico para enxugar a xereca. Porém, se trocarem absorventes sofrem uma taxa de mais 50 centavos. E se quiserem usar o chuveirinho para lavar a “perseguida”, pagará mais 1 real tendo direito a sabão de coco.
g) Cagadas diversas para ambos os sexos: Simples e rápidas 2 reais – Com prisão de ventre que demoram e peidam alto 3 reais. E se tiver que dar mais de uma descarga para toletes avantajados descerem, será onerado em mais 1 real – Caganeiras e diarréias terão o preço único de 4 reais em função do fedor e ter que ser usado desodorantes especiais. Para aqueles que gostam de cagar lendo e fumando será ligado o “Taxi-merda” e o pagamento será pelo que o aparelho acusar!
h) Para pais ou mães acompanhados de filhos, como será uso coletivo, daremos um desconto de 10% para qualquer dos serviços utilizados.
i) Para outros serviços extras, como; Casos de vômitos, menstruações inesperadas, etc., os pagamentos serão a combinar.
j) Como uma promoção especial, quem cagar um quilo certo não pagará nada e ganhará um bônus que valerá por 2 mijadas em qualquer dia da semana. O proprietário pesará na frente do cliente para provar a imparcialidade do prêmio. Como também, idosos acima de 65 anos e crianças até 5 anos terão 50% de desconto em todos os casos.
k) Todos os pagamentos devem ser a vista e não aceitará cartões mesmo para débito direto.
l) A direção exige que cada cliente, quando entrar no estabelecimento já saibam se vão cagar ou mijar, pois de ficarem com dúvidas, não serão atendidos em nenhuma hipótese.
m) Lavar as mãos na saída será uma cortesia da casa.
Creio que fui bastante criterioso e, certamente, meu amigo terá um bom faturamento com um serviço de primeira.

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmaul.com -  antoniomanteiga.blogspot.com)

Honrando as tradições!

                                                                                                                                    Antonio Nunes de Souza*
Gosto de seguir as tradições antigas, mesmo sendo adulto, pois, assim fazendo, continuo vivenciando minha vida de criança cheia de ilusões e esperanças. Não consigo envelhecer nunca! Somente os tolos se deixam vencer pelo tempo, contando ele, anualmente, como se fosse fazer uma coleção e dando-lhe uma importância que ele não é merecedor, já que o seu trabalho principal é ir passando, sorrateiramente, na expectativa de nos debilitar a cada dia. Aprendi a contar “momentos agradáveis” da minha vida e, se foram agradáveis, a duração não tem nenhuma significação: Foi bom e pronto! E, dessa forma, tenho sempre em mente catalogada uma coletânea de alegrias inesquecíveis. Os “momentos desagradáveis”, que todos nós também passamos, são esquecidos, automaticamente, pois os transformo em meras lições de aprendizado de vida.
Voltando a “minha infância querida que os anos não trazem mais”, porque também não deixei que fosse levada, tenho que confessar, sem medo de ser considerado utópico ou tolo, que ontem a noite coloquei o meu sapatinho na janela (já que moro em uma casa de dois pavimentos e não tem perigo do ladrão levar), na doce esperança do bom velhinho resolver aparecer e colocar algum presente para mim. Nada é tão gostoso e aprazível que alimentarmos certas ilusões em nossas mentes, vivendo expectativas de coisas surrealistas e inacreditáveis. Aprendi isso lendo o Pequeno Príncipe, e jamais esqueci!
Ao acordar, mais que depressa, fui à janela olhar o que tinha acontecido, pois, mesmo um pouco descrente, nunca se sabe o que essa vida louca pode fazer acontecer.
Sabe o que encontrei?
Meu lindo par de sapatos totalmente ensopado!
Aí fiquei imaginando: Não choveu durante a noite e o sereno que poderia ter caído na madrugada não seria suficiente para tal molhação. Então, olhando pensativamente para o meu querido calçado, logo me veio à mente, que Papai Noel não tendo condições de me presentear com o que mais eu gostaria de receber, chorou de tristeza e, com suas lágrimas, apresentou suas desculpas, desejando-me paciência para aguardar o decorrer do ano que começa.
Achei ótima essa analogia simplista, porém, somente em parte convencedora. E, como não coloquei uma cartinha dizendo o que realmente desejava ganhar, matutei o que será que ele imaginou que fosse meu desejo para levá-lo aos prantos. Sinceramente, tive pena d’ele ter chorado por se achar impotente para me atender, mas, teria preferido e ficado mais alegre e feliz, se em vez de lágrimas, tivesse deixado meus sapatinhos cheios de sorrisos!
Mas, quem sabe se um dia isso não acontecerá?
                    *Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

domingo, 14 de agosto de 2011

Minha festa do Dia dos Pais!

                                                                      Antonio Nunes de Souza*


Acordei lépido, fagueiro e cheio de alegria, torcendo para chegar a noite, quando seria homenageado em nossa reunião rotária, com uma festança cheia de surpresas preparada com amor e carinho pela casa da amizade.
Olhei-me no espelho, vislumbrei meus cabelos brancos que ajudam a dar um charme ao meu visual ainda conservado, mesmo brigando com tempo, supondo que, ainda consigo enganar a platéia aparentando jovialidade. Fiz a barba com esmero, tomei um bom banho, tomei café e segui para o escritório para trabalhar e contar as horas para desfrutar do meu delicioso momento noturno.
Mesmo o dia demorando de passar, finalmente terminei meu expediente, segui para casa, tomei um banho em regra, coloque uma das minhas roupas domingueiras, barrufei pelo corpo um perfume francês e segui imaginando ser confundido com um jovem saradão, que apenas pintou os cabelos para estar na moda e “bombar” na pista como nos velhos tempos.
Cheguei no recinto da festa, alegre e arisco, cumprimentando aqueles que já haviam chegado, vendo estampado em seus rostos uma alegria somente vista quando se trata de ocasiões especiais. E essa era uma delas!
Salão cheio, platéia eclética, onde se podia ver de bispo a pecadores e jovens até a terceira idade. Uma combinação perfeita para que o conjunto geral fosse apenas vislumbrado como um grupo animado e feliz, não deixando transparecer que havia desnível etário no ambiente.
Arrumada a mesa, saudamos o pavilhão nacional, todos acomodados em suas mesas, drinks servidos e, para o maior deleito, no palco havia um conjunto com um cantor com pinta de indiano, parecendo filho do duble de cientista/curandeiro Asha Ram, soltando boleros em profusão, entremeados de algumas bossas novas. Até aí estava tudo uma maravilha! Os sorrisos e os adeus choviam de uma mesa para outra, com os cumprimentos educados entre os presentes, vendo-se ainda na pista, alguns casais que dançavam e curtiam a noitada que iniciava.
Alguns minutos passados, a presidente da casa da amizade pediu uma pausa, agradeceu a presença de todos e anunciou a presença de uma cantora voltada para músicas religiosas, que nos brindaria com algumas canções em torno do tema. Educadamente aplaudimos e ela iniciou mandando ver aquelas músicas com letras cheias de chavões saturados, pedindo e dando perdões, frases feitas e carimbadas que já decoramos ao longo do tempo. Fizemos cara de sentimento e ficamos pedindo a Deus para acabar logo. Felizmente, Ele atendeu nosso pedido e ela só cantou dois números.
Já não gostei dessa primeira etapa, mas, como foi rápida, consegui digeri-la pacientemente, pois, pela diversidade de gostos dos presentes, temos que agüentar educadamente algumas situações. Porém, depois da cantoria angelical, foi anunciada uma pedagoga que iria fazer uma palestra homenageando os rotarianos. Aplaudimos entusiasticamente, esperando uma série de gabolices e elogios, que nos deixaria como verdadeiros Deuses gregos: fortes como Hércules e belos como Narciso.
Rapaz... quando a moça começou a falar e projetar no telão detalhes do que dizia, começamos a perceber que o assunto em pauta era os problemas da terceira idade.
Não acreditei que aquilo estava acontecendo! Todos se olhavam entre si, os mais jovens gargalhando, os médios sorrindo e os mais velhos estampavam no rosto um sorriso amarelo ou fechavam a cara com o ar de ofendido. E o pior é que a moça não dava tréguas! Começou com dor de cabeça, partiu para alimentação, parou no colesterol, nem deu bola para azia e má digestão e foi logo para labirintite, inibição da libido, deu uma parada substancial no enfarto do miocárdio e derrame, partindo forte para doença de Parkinson, fechando com chave de ouro com o mal de Alzheimer.
Se ela queria deixar os velhinhos na merda, ela pode ter certeza que conseguiu com honras e gloria!
Não tinha um que não estivesse se sentido um bagaço humano, cantando internamente a triste música de Raul Seixas “Esperando a morte chegar”.
Eu, na minha loucura contumaz, ria desbragadamente, imaginando de quem foi a brilhante idéia de programar essa palestra (maravilhosa para outra ocasião) para um dia de homenagem e festa para os pais. Imagino que, quem pensou e programou, tinha a melhor intenção do mundo. Mas, com tantas doenças, deu a entender que as intenções eram do outro mundo. Aquele que não queremos nem pensar, ainda mais num dia de festa.
Terminada a fatídica palestra baixa astral, para a ocasião, a moça sorria feliz pela missão cumprida e nós batemos uma calorosa salva de palmas, não pelo conteúdo, e sim pelo alívio da finalização da tortura psicológica que estávamos sendo submetidos.
Segui-se com uma distribuição de brindes, foi servido o jantar e, os sobreviventes, ficaram dançando ao som da voz melodiosa do cantor descendente de Ghandi.
Eu, como estava solteiro, levantei-me sorrateiramente e voltei para casa, já pensando em programar com muito carinho uma festa a altura da nossa para homenagear o Dia das Mães.
E, com certeza, já tenho em mente todos os planos traçados para que não falte nada com relação às generosas mães que tanto nos querem bem. O palestrante começará com pés de galinha, rugas na face, papo no queixo, ponte móvel e ponte fixa, seios caídos, celulite, câncer de mama, mioma, deslocamento de útero, menopausa, artrite e osteoporose.
Não quero que pensem tratar-se de uma vingança. Apenas desejo demonstrar quanto às amamos e temos cuidados com suas saúdes.

*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)




sábado, 13 de agosto de 2011

Pacote turístico no Brasil!

                                                                                                                    *Antonio Nunes de Souza

Nosso país, com dimensões continentais oferece aos turistas as opções mais variadas e inusitadas de diversões, como também abomináveis ações de terror e insegurança. Embora em todas as capitais a história seja a mesma, nossas observações são mais direcionadas ao querido e maravilhoso Rio de Janeiro.
Para quem vem curtir nossas praias, já que temos milhares de quilômetros de costa atlântica, cheia de coqueiros, barracas, lindas mulheres, etc., pode deliciar-se com tudo isso, tendo também a certeza que será vitimado por um arrastão muito bem organizado por quadrilhas de meninos(?)de rua, bastantes qualificados para saquearem roupas, jóias, máquinas fotográficas, dinheiro e, em alguns casos, distribuírem tapas e bofetões como bonificação. Felizmente existem praias mais calmas, que o turista pode ficar razoavelmente  tranqüilo, pois está sujeito apenas a ser explorado pelos preços extorsivos dos barraqueiros, como também ter a modesta falta de sorte, quando vai dar um mergulho nas cálidas e poluídas águas, voltar e não encontrar seus pertences, levados sorrateiramente pelos ratos de praia. Essa segunda opção pode ser considerada um grande privilégio, pois não existe violência física. São meros e inocentes furtos!
Entretanto, para os turistas mais cautelosos que não vão à praia, dedicam-se somente a passear nos calçadões, admirar as ondas, o azul do mar, lindas mulheres e tirar fotos para registrar sua viagem, esses inocentes estão longe de saber que essa cautela pode ser chamada de brincar de roleta russa. Pois, qualquer momento, pode surgir do nada, dois ou três marginais infanto-juvenis que, em disparada, arrancam máquinas fotográficas, correntes ou relógios dos seus braços, quase degolando os incautos ou lhes deixando manetas. E ai daquele que resistir ou correr atrás! Será agraciado com uma canivetada ou um tiro a queima roupa. Porém, às vezes não é tão trágico assim, pois tem os turistas que dão sorte, tomando apenas algumas bofetadas e tendo somente as caras quebradas.
Podemos contudo ressaltar o grupo dos mais previdentes, que preferem deliciarem-se com a paisagem deslumbrante que descortina nas janelas dos hotéis, evitando a circulação nas praias e seus arredores, não dando oportunidade aos perigos eventuais já citados. Mas, não será nenhuma novidade e sempre está acontecendo, marginais das favelas circunvizinhas aparecerem de surpresa, renderem os porteiros e saquearem todos os apartamentos e cofres do hotel, inclusive levando os passaportes para serem falsificados e vendidos por preços exorbitantes.
Aí você pergunta: E o policiamento o que é faz?
Ah! Esse é o mais hilário! Quando não estão participando dos próprios assaltos, geralmente ficam de prontidão para dar guarida aos meliantes. E, quando acontece algum bandido ser preso por populares, ele é levado pelo policial para o posto mais próximo e solto logo em seguida, após tomar uma grande carão por não ter sabido agir com a destreza necessária.
Você imediatamente pergunta estarrecido: Mais todos os policiais dão cobertura aos ladrões de rua?  Claro que não! A grande parte prefere dar cobertura aos traficantes de drogas dos morros, pois o rendimento é muito maior, proporcionando uma vida nababesca.
Não é possível! E os restantes?  Bem, os restantes estão divididos entre os que apreendem armas e vendem aos assaltantes de banco, como também vendem suas próprias armas que pertencem à corporação e aqueles que são honestos e não tomam nenhuma atitude com receio de serem apagados como dedo-duro pelos seus colegas de farda. Felizmente ainda existe essa fatia, mas, tão mínima que não oferece nenhuma segurança à população.
Esse é o quadro fatídico da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil! Pois, tudo isso acontece cotidianamente, sem contar a distribuição de balas perdidas (não é bombom, não. É chumbo mesmo), enviadas pelas quadrilhas das favelas em seus entreveros entre eles, disputando os comandos das bases de distribuição.
Esse é um triste e lamentável retrato do nosso mundialmente conhecido Rio de Janeiro. Mas, não é só o Rio que passa por esses problemas, pois, em todos estados, casos dessa ordem acontecem em escalas menores e, no mundo inteiro, a animalização dos homens cresce assustadoramente.
                             Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Amor evangélico!


                                                                 *Antonio Nunes de Souza

-Por favor, meu bem! Nós somos irmãos, pertencemos à mesma Igreja, sabemos os limites impostos pela Bíblia Sagrada e devemos controlar nossos desejos para somente após o casamento.
-Mas Ritinha, eu sei tudo isso! Porém, nós somos adultos e devemos reconhecer que a Bíblia, embora seja mais que Sagrada, foi escrita há centenas de anos atrás. Hoje, tenho certeza que os profetas se vivos estivessem, mudariam de opinião com relação a esse fato.
–Mas benzinho, a Bíblia é intocável! Nela constam as palavras de Deus. E Ele não é mutável em seus pensamentos. Se ele fez o homem a sua semelhança, foi para que procedêssemos da forma que Ele procederia nas mais diversas situações.
-Ritinha, eu não quero ser herege, nem dizer blasfêmias, mas, todos nós sabemos que Ele é solteiro, não tem essas necessidades, portanto, por mais Santo que seja, não pode imaginar o que sentimos quando desejamos ter sexo.
-Você está louco, Pedro! Logo você que tem o nome do apóstolo mais importante, dizer semelhante loucura! Deus, a bem da verdade, deve ser solteiro, pois nunca vi ou li algo a esse respeito. Porém, ao fazer o homem Ele colocou esse desejo apenas para ser usado na procriação da espécie.
-Nada disso, Ritinha!   Se Ele realmente quisesse que nós perpetuássemos a espécie ao seu modo, o mais lógico seria nos dar uma olaria com bastante barro e nos habilitar a esculpir. Seria mais rápido, faríamos nossos filhos com as características que quiséssemos, cor, olhos, cabelos, etc., inclusive não existiria nem a dor do parto. Se Ele nos deu os órgãos genitais e o desejo da relação, foi para que desfrutássemos desse prazer quando desejássemos.
-Meu amor, você está duvidando de Deus?
-Não Ritinha. Eu estou é com um tesão incrível e já fazem dois meses que estamos saindo e você não quer me dar.
-Eu sou toda sua. Meu coração e minha alma. Mas, meu corpo somente será seu, para o resto da vida, quando o matrimônio for sacramentado.
-O que você está dizendo, em pleno século XXI, é um verdadeiro absurdo. E não existe nenhum homem, atualmente, que vai perder tempo na noite de núpcias tirando cabaço. Essa intimidade deve ser começada durante o namoro, para que no dia você tenha a certeza que casou com a pessoa certa pra cama, mesa e banho. Já pensou o que é você casar com um cara e na lua de mel ele não for de nada?
-Ah! Mas isso não vai acontecer com você, pois quando, às vezes, eu deixo você encostar-se a mim, sinto que não falharás.
-Você devia sentir é a dor que sinto no saco quando vou embora. Depois de lhe beijar, abraçar e algumas esfregadinhas, o saco fica em tempo de explodir. É isso que você me deseja?
-Meu amor, isso é uma provação divina!
Pra mim isso é uma sacanagem da sua parte. Sou obrigado a cair na mão grande para poder dormir com tranqüilidade ou então, demoro de dormir e tenho polução noturna.
-Você está sendo tão vulgar nas suas palavras, Pedrinho! Calma!  Você parece que está possuído.
-Eu não estou possuído! O que quero é lhe possuir, minha filha!
Poxa, meu bem. Você era tão mais meigo.
Claro! No começo do namoro agente vai segurando a barra, muito carinho e afeto, mas, com o tempo, é preciso saber viver...
-Você me fez lembrar de Roberto Carlos. Falou Ritinha com um sorriso nos lábios.
-Então larga essa droga de caretice e vamos sentir muitas emoções. Eu e você, Café na cama, Os botões da blusa, etc., vai ser maravilhoso, meu amor.
-Infelizmente não posso! Você pensa que eu também não sinto algum desejo? Mas, eu penso na Bíblia e esqueço logo.
-Você precisa nessas horas é pensar no kamasutra!
-Meu Deus, como você é pecador! Sinceramente, estou ficando decepcionada depois desse diálogo. Imaginava que você fosse mais compreensivo e religioso.
Oh! Meu bem me desculpe. Mas, eu não consigo me segurar mais. Tenho tanta vontade de você, que o sangue além de ir para a parte baixa, ainda vai para a cabeça. E, falar em cabeça vai fazer o seguinte: Deixe eu botar somente a cabecinha, certo?
-Não! Minha mãe disse que se alguém falar que vai ser a cabecinha só, para eu não deixar porque pinto não tem ombros e termina entrando o corpo inteiro.
-Então, se é assim eu desisto e está tudo acabado entre nós. Professamos a mesma religião, mas falamos línguas diferentes. Meu livro sagrado é de uma edição mais nova e atualizado. Adeus irmã e seja feliz.
-Sinto muito Pedro, mas, seja feliz em nome de Jesús!
                                                                *Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A surpresa!

                          Antonio Nunes de Souza*
                                                                                                                               -Meu Deus! Essa notícia me pegou de surpresa!
-Pois é amor, você vai ser papai! Exclamou Sheila, olhando toda orgulhosa para a barriga que em nada se pronunciava, a não ser os pneuzinhos normais de sempre.
Com lágrimas nos olhos de tanta emoção, pensei como aquilo estava acontecendo, pois, segundo os médicos, por uma questão genética eu jamais poderia ser pai, a não ser por adoção. Agora, essa notícia de supetão, para mim que nunca tinha confessado esse problema congênito para minha mulher, imaginei logo duas coisas: Ou aconteceu um milagre divino ou sou um grandessíssimo corno!
Não pude esconder minha reação, em razão do estranho pensamento que me veio à mente, uma vez que, como não sou muito religioso e minhas crenças são limitadas, a segunda hipótese poderia ser a mais provável. Senti uma friagem que percorria da nuca até a regada da bunda!
-Que foi Mário? Que cara esquisita é essa?
-Nada amor! É pura felicidade. Respondi, mas, dentro de mim existia um grande conflito com relação à dura verdade sobre minha improvável paternidade. Enquanto ela sorria com o resultado do exame nas mãos e telefonava para as amigas, eu não sabia se contava meu drama e complicaria tudo com minhas dúvidas e ainda tomava uma bronca por ter guardado esse segredo, ou ficava calado e faria no dia seguinte, sorrateiramente, um espermograma, tirando assim todos os grilos da minha cabeça, correndo o perigo de substituir estes pequenos insetos cantantes por um lindo e grande par de chifres!
Manhã seguinte, saí para trabalhar, mas Sheila nem prestou muita atenção, pois estava transmitindo a notícia para sua amiga Jamille, noiva do meu primo Rafael.
Peguei o carro e fui direto para a clínica do meu amigo Luiz Antonio, médico ginecologista, para dividir o meu segredo e pedir uma opinião de como proceder. Chegando lá fui logo abrindo o jogo e contando detalhadamente minha odisséia!
-Calma, Mário! Às vezes acontece esses problemas se corrigirem inesperadamente e sem explicações científicas. Vá “batendo” uma enquanto eu preparo o microscópio para fazer uma rápida pesquisa e verificar se seus espermatozóides saem vivos e sadios na ejaculação.
-Você acha que vou ter tesão pra isso do jeito que estou?
-Porra, cara! “Se você quer que o pinto endureça, pegue no meio e sacuda a cabeça”. Essa teoria popular nunca falha!
Peguei o bruto todo encolhido cabisbaixo, talvez por estar entendendo a situação, e comecei a sacudir até que ficou meio pururuca, e, com a mão esquerda para parecer que era outra pessoa que estava “batendo” (poucas pessoas conseguem dar o ritmo certo), depois de algum sacrifício, as gotinhas espirraram no recipiente que ele havia me dado.
Corri para a sala onde Luiz estava, entreguei o material, não tirando os olhos de cima para ver se, mesmo a olho nu, percebia algum se mexendo!
Depois de um rápido e cuidadoso exame, ele olhou pra mim com um olhar incógnito, balançou a cabeça e disse: Não sei a explicação, mas, estão vivos, cacete! Houve alguma reação do seu organismo que pode ser definitivo ou temporário. Só posso lhe um abraço e meus parabéns!
Não me contive e dei o maior beijo no rosto de Luiz e saí picado voltando pra casa, pois, meu desejo era encher Sheila de beijos e curtir nosso futuro baby.
-Alô! É Sheila?  Aqui é Luiz.  Consegui contornar a sua situação como você me pediu. Fiz o exame, dei um veredicto falso e ele saiu daqui feliz da vida. Agora é com você e o pai do menino. Nunca mais me peça uma merda dessa! Para que você tenha uma posição correta do estado genético dele, digo-lhe que seus espermatozóides são todos tetraplégicos e não conseguiriam atingir um ovário, nem tomando uma carona com o Schumacker. Agora reze para que ele queira apenas esse filho único, porque se aparecer um irmãozinho eu estou fora e você ferrada!
                                *Escritor  (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A despedida de meu amigo!

                                            Antonio Nunes de Souza*
A campanhia de sininhos tocou insistentemente por trás daquela imponente porta, indicando a chegada de alguém. Lá de dentro ouviu-se a pergunta familiar: Quem é?
-Sou eu Ferdinando Caldeiras!
S. Pedro confirmou através do olho mágico e, sem delongas, abriu a porta e mandou o novo morador entrar, orientando-lhe que sentasse num puff de nuvens, enquanto ele terminava uns registros e logo em seguida conversariam.
-Obrigado S. Pedro! Disse Ferdinando, meio tímido e preocupado com seu novo destino num lugar tão cantado e decantado, mas, totalmente desconhecido.
Passados alguns minutos celestes, Pedro aproximou-se dele vestindo uma bata toda plissada, desejou boas vindas e, sentando-se ao seu lado em uma linda almofada bordada de hóstias douradas e apliques de medalhinhas de santos em sua volta, estendeu o braço para cumprimentá-lo, onde se podiam ver dezenas de fitinhas do Bonfim amarradas. Ferdinando apertou sua mão quente e macia e, nos seus pensamentos, passou a idéia que esse santo era gay. Mas, deletou logo esse pensamento, pois, se o homem tivesse o poder de ler a mente, estaria ferrado e iria direto para o inferno.
-S. Pedro seria uma mentira da minha parte dizer que estou feliz e é um prazer estar aqui. Não pelo lugar, pois é almejado por todos, apenas porque gostaria de ter demorado mais uns anos na terra para desfrutar melhor minha vida, principalmente a sexual que, tolamente, dediquei apenas a duas mulheres: minha esposa e uma amiga que me deixei seduzir. Dediquei toda minha vida aos estudos, escrever, cantar, cuidar dos filhos e lecionar.
-E transar que é bom você deixou de lado?
-Mas...S. Pedro! Essas suas palavras me deixam assustado, vindas da boca de um santo!
-Que Pedro e Santo nada meu filho! Os tempos agora são outros e temos que acompanhar essa raça humana que alterou todos os conceitos do Senhor. Eu mesmo, sempre leio umas crônicas de um cara chamado Antonio Nunes e tenho aprendido muito nessa área e, aqui hoje, para entrar e for mulher bonita, tem que dar um pouquinho, senão mando direto para o purgatório na hora. Sigo a lei de S. Francisco: “É dando que se recebe!”
-E o Senhor o que é que diz disso tudo?
-Nada meu filho! Ele já está velho demais e com essa tal de Alzheimer, se esquece de tudo e vai perdoando a torto e a direita.
-Pô Pedro! Falou Ferdinando (já sem muitas cerimônias). Então eu dei o maior vacilo da vida sendo o homem que fui?
-Claro meu filho! Ultimamente o menor transador que aqui chegou, faturou dezenas de vaginas e foi recebido com festa e alegria pelas mulheres da casa. Aqui transar não é mais pecado, tornou-se penitência. E, assim que mandarmos buscar Antonio Nunes, contrataremos ele para fazer uma nova constituição celeste, modificações nos estatutos e nas tábuas da lei de Moisés, que será a maior revolução nesse imenso céu azul! Queremos como no Brasil que qualquer crime tem direito a habeas corpus.
E, mediante a vida que levei, bonzinho e direito, o que será de mim aqui no céu?
-Bem...já que você desconhecia essas mudanças e conservou um pinto caseiro, o mais que posso fazer por você é colocá-lo como apontador de gay, já que temos um parque enorme onde reunimos todos eles e precisamos catalogá-los sempre, pois são muitos desunidos e brigam constantemente, um querendo brilhar mais do que o outro, todos querendo se fantasiarem de Espírito Santo! E você, com esse pinto semi-virgem, poderá acalmá-los nos eventuais conflitos. Mas, não se esqueça de usar preservativo!
-Tudo bem Pedro! Não era isso que esperava, mas, como a culpa foi minha, estou pronto para pagar meus pecados. Apenas uma pergunta: Isso será todo o dia?
-Sim meu filho querido. E lembre-se que os dias aqui são longos. Siga aquele anjo que ele vai lhe levar para seus aposentos no condomínio dos meios-donzelos, situado numa nuvem arborizada com uma vista linda para Itabuna.
-Obrigado Pedro e aleluia!
*Escritor (Vida Louca –ansouza_ba@hotmail.com – antoniomanteiga.blogspot.com)

A culpa é da vagina!

                                          Antonio Nunes de Souza*

Essa afirmativa, com relação ao caso em pauta, é justa, sincera e definitiva. Somente ela poderia expelir para o mundo três bibas tão desajeitas e sem graça para me deixar tão horrorizado, com a pretensa peça de teatro que as “danadinhas” se esforçaram para apresentar ao pobre público da nossa cidade.
Além do texto pobre calcado em piadas velhas e conhecidas, tive o desprazer de ver um guarda roupa tão pobre que só não conseguia ser mais feio, comparado aos horríveis rostos e corpos das “meninas” que se imaginam atrizes.
Não sou contra besterol e já tive oportunidade de ver espetáculos interessantes encenados por grupos baianos, onde as qualidades dos atores sempre suplantaram as tolices textuais, nos fazendo rir sem a apelação chula e sem sentido que, nesse caso, foi explorado sem a mínima dignidade ou capacidade dramática.
E pasmem meus amigos! O teatro estava lotado, ouviam-se risadas largas e constantes, provando o baixo nível cultural da nossa cidade que, freneticamente, aplaudiam entre gritos e assovios, dando um atestado cabal de serem verdadeiras hienas, que gostam de fezes e vivem felizes sorrindo.
Será que nossa cidade que há uma década é considerada um pólo cultural, graças a universidade Santa Cruz e diversas faculdades locais e circunvizinhas, com ampla diversidade de cursos, etc., não consegue colocar na mente dos jovens uma mentalidade mais exigente com relação à cultura em geral, fazendo com que saibam separar o joio do trigo, exigindo melhores espetáculos que acrescentem algo pedagógico, cultural e educativo?
Será que os professores e mestres são os culpados, já que foram educados com essa mesma dinâmica e a transmite como se fosse uma normalidade? Ou, por comodidade e falta de compromisso, deixam o barco correr, mesmo sabendo que a cachoeira abismo está ao longo do rio?
É preciso repensar isso e reverter essa situação crítica, lutando muito e com competência, abrindo novos horizontes para os jovens, no sentido de formarmos novos professores qualificados e competentes, cientes das suas obrigações e comprometidos com o futuro do nosso país. E, se faz um país é com educação!
Não estou fazendo uma apologia à formação de uma legião de “nerds ou cdfs”, mas, que seja mostrado com dados e convencimentos, comprovando as importâncias de boas leituras, teatro, música, cinema, poesias e artes plásticas. Isso sem abandonarem seus arrochas, axés, forrós e rebolation, porém, nas ocasiões sazonais.
Lamentavelmente, fiquei mais uma vez triste com o que vi e me retirei antes de terminar o espetáculo (?), pois, sinceramente, não tive condições de dedicar minha sexta vendo uma peça de quinta!

*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)