Antonio
Nunes de Souza*
Todas
as vezes que não sigo os conselhos do meu avô, sempre entro pelo cano! Ele vive
dizendo: ”Quem come a noite feijoada, tem sonhos ruins na madrugada!”
E
eu, com a teimosia de menino (ele diz que ainda sou), vacilei e bati uma
feijoada de mocotó no anal da madruga, e fui puxar um merecido ronco depois de
ver um documentário em um canal especial da TV, dedicado, literalmente, as
mulheres e seus avanços no mundo moderno e globalizado. E aí, depois de já
estar tranqüilo nos braços de Morfeu, me aparece uma cientista russa chamada
Pavilowa Sakanowisk (só podia ter esse nome mesmo) e começou a fazer uma
explanação minuciosa sobre uma experiência que estava elaborando num
laboratório americano e, para a felicidade e alegria das mulheres, já estava na
fase final com grandes êxitos em ratos e macacos.
Lógico
que aguçou minha curiosidade imediatamente! Tudo que se relaciona as mulheres
me empolga bastante e sou um grande incentivador desses seres maravilhosos. Por
impulso, levantei o dedo pedindo que ela detalhasse com palavras que os leigos
pudessem entender sem maiores dificuldades. Ela, gentilmente, assentiu e
começou a falar, assistida por um computador, que projetava na tela fotos
comprobatórias e gráficos:
-Esse
nosso projeto foi batizado de “Papai/Mamãe”, numa homenagem a uma posição
sexual usada no passado, extinta por desuso há mais de vinte anos e, como se
trata de uma igualdade de condições (masculino-feminina), sendo também estudos
e pesquisas com resultados reprodutivos, optamos em homenagear as partes
envolvidas. -Nós abandonamos as “células troco”, pois já estão sendo
aproveitadas em centenas de curas e, depois de uma cuidadosa pesquisa com “células
membro” extraídas da região peniana, encontramos o DNA da sua formação que,
aplicada na parte clitorial feminina, ampliam os seus poderes de portadores de
fecundação, expelindo óvulos (ovutozóides) perfeitos e apropriados para a
germinação quando encontram condições adequadas para seus desenvolvimentos.
Essa é a parte científica que, já comprovada, coloca a mulher como capaz de
provocar uma transferência para a gravidez, sem a necessidade do seu corpo,
colocando o homem como o receptor e gerador da futura criança.
Nessa
altura todos do auditório estavam pasmos com o que acabávamos de ouvir e eu,
mais agoniado voltei a perguntar: Como o homem poderá ser gerador do embrião,
se não tem útero?
-Esse
foi o nosso maior trabalho anos seguidos, porém encontramos os caminhos
desejados, aproveitando alguns espaços no corpo masculino, já que não
justificaria fazer transplantes coletivos de úteros para tal fim, que tiraria a
praticidade da operação. Tivemos que utilizar moléculas da região uterina,
fazer algumas modificações laboratoriais e aplicamos no saco escrotal por ser
flexível, elástico e já está habituado a guardar ovos, provocando uma reação
química e física, transformando-o em um perfeito ambiente para uma gestação
tranqüila e sem problemas.
As
mulheres da platéia aplaudiam de pé, enquanto os homens, de bocas abertas, se
borravam de medo!
Já
P da vida, perguntei com veemência: Doutora Sakanowisk nós homens vamos passar
a engravidar e ter que passar nove meses com o saco crescendo? E como vamos
trabalhar?
-Realmente
vocês terão que ficar deitados durante a gravidez e, cada mulher que engravidar
um homem (marido ou não) terá a responsabilidade da sua manutenção durante todo
período e mais dois meses de pós-parto.
-Aí
caiu a ficha e imaginei logo como será o parto. Se for pela bunda estaremos
fritos. Além de doer muito, ainda será uma posição deplorável e ridícula! E
para a criança também, pois ficará traumatizada por toda vida, imaginando que
não nasceu, foi, simplesmente, cagada!
Como
se estivesse lendo meus pensamentos, ela disse: O parto será sempre escrotário
(relativo ao cesariano), pois será mais tranqüilo para o novo papai/mamãe!
-Me
imaginei grávido e terminei acordando molhado de suor e uma dor no saco
terrível pela grande vontade de fazer xixi!
Que
pesadelo meu Deus. Que não aconteça isso nunca!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna –
antoniodaagral26@hotmail.com
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