Antonio
Nunes de Souza*
Há
muito tempo que digo e repito minhas convicções com relação à terceira idade
que, para mim, continua sendo a velhice, deixando de lado as tapeações de
nomenclaturas simpáticas e românticas que, com certeza, querem apenas encobrir
enfeitando o mais delicioso que nos sobra, que são as belíssimas lembranças nas
nossas fracas mentes, dos longos tempos que vivemos e as belas evoluções que
acompanhamos de perto, aproveitando o gostoso tempo. Sou velho sim! Orgulho-me
disso e o que não me agrada é ser gasto, sofrer as debilitações, doenças,
fraquezas e limitações, pois essas chatas facetas nos tornam fragilizados e,
como acontece comigo e presumo com muitos, nos deixa putos da vida, já que,
depois de trabalharmos, pra cacete, criar filhos, ajudar pessoas, dar nossa
participação no progresso do país, em vez de termos como prêmio Divino, um
restante de vidas fortes e dignas até a hora da morte, ao contrário, vamos
morrendo passivo dos maiores sofrimentos, dores, solidões, além de dar
trabalho, sofrimento e despesas aos familiares. Sem levar em conta que ficamos
com uma aparência cada dia mais debilitada, obrigado a sentir nos olhares
daqueles que nos visitam ou encontramos em algumas ocasiões, aquele olhar de
pena e, sem precisar falar nada, nós conseguimos ler em seus pensamentos a
expressão: “Porra! O cara está fodido!”
E
nós, depois disso, ainda temos que agradecer a visita, daquele amigo que assim
que encontrar com outro vai imediatamente comentar: Rapaz, se você ver fulano
não vai nem reconhecer. Está numa merda tremenda e não vai emplacar o Natal. E
só vai ver a copa do mundo no Brasil se no inferno tiver alguma provedora e o
Diabo esteja de bom humor para ligar a TV!
O
miserável vai dando logo o nosso possível endereço no pior condomínio dos
mortos, sem ter a consideração de nos desejar um Purgatório ou, por que não, o
Céu? Até nesse particular servimos de chacota e gozação entre os próprios amigos!
Ainda
bem que agora que comecei a sentir, nas mínimas escalas, essas desagradáveis
nuances que todos estão passivos. Entretanto, continuo afirmando a minha
convicção de não acatar com bons olhos ( e nem vou poder, pois aparecerão as
cataratas) a minha destruição física, o desgosto, a revolta e a tristeza de
sentir na enrugada pele a dor de uma viagem para o desconhecido!
Prometo
que voltarei a esse assunto com mais detalhes, inclusive, não propriamente a
velhice, mas, nossos mais diversos e possíveis destinos na trajetória da morte,
nos baseando nas diversas crenças e religiosidades.
*Escritor
(Blog Vida Louca – antoniodaagral26@hotmail.com)
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