*Antonio Nunes de Souza
Ela era perfeita! Sua bundinha lindamente arredondada e ligeiramente empinada, dando a impressão que dali só poderia sair patê de fois grás e perfume de rosas. Só em olhar, o mais puro dos mortais ficaria excitado e com desejo de pelo menos passar a mão para ver se era de verdade. E era! Eu sabia que era, pois tempos atrás tive a dádiva de acariciar aquela coisinha tão doce, que comparada com rapadura, esta pareceria um jiló.
Se eu disser que a minha qualidade de conquistador é imbatível, estarei mentindo, mas, para que vocês compreendam e saibam como aconteceu, vou contar:
Um dia, daqueles que parecem que nada vai acontecer além da rotina, estava em pé na porta do meu trabalho quando mais que de repente, um carro em disparada atropelou uma pessoa. Não precisa dizer quem era essa pessoa!
Embora tivesse sido uma pancada de raspão, provocou algumas pequenas escoriações e, ainda meio atordoada, carregaram-na para dentro do meu trabalho e alguém gritou: Providenciem um copo com água e é melhor aplicar uma injeção antitetânica por precaução!
Aí foi que eu entrei na história, pois eu trabalhava em uma farmácia e era o enfermeiro encarregado das aplicações. Logo passei para dentro do balcão, orientei para que a levassem para a sala de atendimentos e digo-lhes francamente que até àquela hora, não tinha nem percebido as características da pessoa atropelada, em função da aglomeração dos curiosos bastante comuns nessas ocasiões.
Deitaram-na à mesa de curativos, dispensaram a platéia, enquanto eu preparava a seringa e apanhava a injeção. Quando, já mais calmo, voltei-me e vislumbrei aquelas lindas pernas, fui subindo o olhar até deparar-me com umas coxas com penugens aveludadas. Controlei-me e levantei aquela minúscula saia, deparando-me com uma senhora e sedutora bundinha. A calcinha era bege claro que nada escondia. Fiz um ar profissional e baixei aquele tecido tão fino que parecia uma segunda pele.
Deu-me um branco que eu vi as coisas pretas. Aquela bunda olhava para mim como se estivesse implorando que eu não a furasse. E eu olhando pra ela suplicando que ela me desse o seu furo. Não nego não! Mesmo naquela situação embaraçosa causada pelo acidente, não pude separar minha condição de enfermeiro com a de homem. Haviam duas seringas em riste: uma na mão, que era descartável e pronta para fazer um furo e outra dura e vitalícia pronta para tapar o furo existente.
Nesse instante ela vira-se com aquele rosto angelical e choroso e disse quase como um sussurro: Vá com calma... para não doer!
Aí foi que a excitação aumentou! Só me lembro que, quando passei três vezes o algodão com éter naquela deslumbrante bundinha, desmaiei e só acordei vinte minutos depois, quando alguém colocou amoníaco para eu cheirar.
Ela já tinha ido embora e a confusão era toda em cima de mim pela preocupação dos meus colegas e alguns clientes. Ao despertar ainda ouvi alguém dizer: Pobre rapaz... ficou traumatizado com o acidente! E outro arrematou: Pessoas que não podem ver sangue não deviam trabalhar em farmácia ou hospitais!
Na verdade o que me deixou traumatizado não foi o acidente nem o sangue. Foi simplesmente aquela maravilhosa bundinha bem torneada.
Essa historia veio a minha mente, porque neste momento passou por mim uma mulher que, mesmo que eu não tenha gravado na mente as suas feições em função do tumulto no dia do acidente, juro por todos os santos que é ela, pois uma bundinha daquela ninguém jamais esquece e não pode ter duas iguais.
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)
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