Antonio Nunes de Souza*
Esse fato aconteceu em 2006, e como foi inusitado,
inesperado e bastante interessante, achei que valeria conta-lo aos munícipes,
para que fiquem sabendo de certos acontecimentos que chamaram a atenção da
região e todo estado da Bahia!
Comprovadamente, devidos
nossos abusos com a alimentação, cigarros, estresses e falta de exercícios,
vimos aumentar, barbaramente, as mortes por problemas do coração.
Na verdade, vivemos
todos em um pânico terrível, preocupados com um ataque ocasional e fulminante,
que acabe de uma vez por todas, nossos maravilhosos sonhos de dias maravilhosos
na face da terra.
Mas, como contamos com
pessoas que zelam pela nossa saúde e sempre estão procurando algo para
minimizar nossos sofrimentos, o Município de Itabuna, adquiriu um aparelho “Desfibrilador”
de alta potência energética (imagino que seja de uns 100.000 wolts) que, com um
simples toque, faz voltar a bater até coração de defunto com trinta dias de
enterrado. Já foi até apelidado de “Jesus de Nazaré” (em alusão a ressurreição
de Lázaro). Uma vez que, com sua potencia astronômica (quanto o seu custo),
qualquer coração vai tremer nas bases, bastando para tanto, apenas olhando para
o miraculoso e eficiente equipamento. Todos pensaram em conjunto: Graças a Deus
chegou a solução para os trágicos infartos do miocárdio!
Sua aquisição causou
tanto espanto na região e na Bahia, que receberam cartas e e-mails de todos os
cantos, solicitando que ele seja colocado em algum lugar, cobrando ingresso é
claro, para uma visitação pública. Obviamente, com um guia treinado nas usinas
elétricas de Itaipu ou Furnas, já que a capacidade energética do dito cujo,
deve dar para iluminar uma região, em caso de apagão e, se os curiosos não
tiverem orientações e cautelas, correrão o risco de serem eletrocutados.
Não podemos deixar de
dar os parabéns a aqueles que, com esforços supremos, procuram equipar nosso
município, sempre pensando no bem estar da nossa população. Mas, apenas pedimos
que, em outras oportunidades, não nos proporcionem notícias tão “chocantes”,
pois, por mais que estejamos com os corações prevenidos, poderemos ter uma
parada cardíaca, que nem esse milionário aparelho possa nos salvar dessas
notícias eletrificadas!
Passados esses anos
todos, ontem fui fazer uma visita ao Hospital de Base, já que fui seu
presidente durante o ano de 2004, e passando pela porta da ala do depósito,
resolvi entrar e. com um susto, vi num canto, cheio de poeira e teias de
aranhas, nosso festejado e querido “desfibrilador”. Perguntei ao médico que me
acompanhava, o que aconteceu e ele me disse sorrindo: Antonio, depois de
determinado tempo de uso, esse miserável passou a não ter energia nem para
carregar um celular. Então...como a fábrica faliu, não tinha mais peças para
conserta-lo, tivemos de tira-lo de circulação!
Dei um sorriso e pensei:
“Nós somos como as máquinas. Pois, quando perdemos nossas energias, somos
isolados como sucatas num depósito, e quando damos sorte temos alguém que nos
cuidam das sujeiras e alimentações!”
*Escritor, Historiador,
Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letra!
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