domingo, 19 de maio de 2024

GRANDE AVENTURA NA ESCURIDÃO!

 

Antonio Nunes de Souza*

-Menina, não lhe conto!

-Nada disso, você vai me contar agora. Se fosse para não dizer, era preferível você ter ficada calada para não assanhar minha curiosidade!

-Olhe minha filha, vou lhe contar porque você é minha amiga, mas, pelo amor de Deus, não conte a ninguém, pois, foi uma aventura louca, e ao mesmo tempo maravilhosa, que aconteceu inesperadamente comigo!

-Vá logo falando, porque estou louca de curiosidade!

-Minha filha, você vai achar que foi uma loucura minha. Mas, tem coisas na vida que acontecem, quando somos levadas pelos desejos e sensações de novas experiências, e foi o que aconteceu comigo!

-Deixe de preliminares e desembuche sem omitir nenhum detalhe!

-Como você sabe, em nossa atividade somos sempre requisitadas para novos ensinamentos e reciclagens, para que possamos desempenhar nossas funções com melhores desenvolturas, acompanhando as novas técnicas para lidar com os deficientes físicos!

-Então, essa semana chegou a nossa cidade, um famoso professor, com o nome curioso de José das Delicias, que foi enviado pela Secretaria de Educação do Estado, para ministrar uma palestra e, consequentemente, nos orientar com novas formas de comportamentos nas nossas regências de aulas!

-Que nome estranho da zorra o dele, hem?

-Pois é minha filha. E o mais curioso é que ele é cego, e embora cinquentão, tem um charme e uma maneira doce de falar, que deixava todos embevecidos e atenciosos para ouvir as suas palavras!

Não nego que senti algo por ele, pois, depois de cinco anos que fiquei viúva, nunca mais estive com outro homem. E ele, pela sua maneira de ser, cheio de meiguice, seu olhar vazio, mas, transbordando de ternuras, balançou minha libido, reativando o que já estava quase esquecido. Mas, como eu me insinuar com ele, se o homem era cego?

Aproveitei a hora do intervalo para me aproximar, inventando algumas perguntas que eu já sabia as respostas, no intuito único de tocá-lo e deixar transparecer que meu interesse não era somente pedagógico!

–Mulher você é doida?

–Doida uma porra! O ceguinho era charmoso demais, e com esse nome foi que aumentou a curiosidade e minha excitação acumulada!

-Dei umas duas alisadas em seu braço, encostei meu corpo ao dele como se estivesse mostrando algo para quem enxergava, e ele deixou escapar um sorriso maroto, deixando claro que estava percebendo minhas intensões. Pegou na minha mão demoradamente e, matreiramente, falou: Assim que terminar a palestra, venha sozinha a minha sala, para que possamos melhor tirar essas suas dúvidas. Inclusive tenho um Software muito bom, que lhe deixara bem municiada para trabalhar com segurança em suas aulas!

–Com essa deixa dele, notei logo que o ceguinho era sem vergonha, e também estava afim de uma sacanagem. Não vou negar que minha lagoa murcha começou a se irrigar!

–Como combinamos, esperei que ele estivesse só, entrei na sala e sentei-me ao seu lado. E o danado sentindo o meu perfume, foi logo dizendo:

-Estava lhe esperando, pois, gosto muito de auxiliar pessoas interessadas como você, me aprofundando ao máximo nas explicações. E aí começou a falar sobre o tema, e safadamente, com as desculpa da cegueira, foi encostando sua perna na minha, me fazendo sentir o calor que vinha do seu corpo. A conversa foi se prolongando, o “bate-coxas” aumentando, e logo já estávamos de mãos dadas, deixando transparecer que algo iria acontecer!

–Como poderia entrar alguém inesperadamente, principalmente o professor que era seu auxiliar e acompanhante, combinamos nos encontrar a noite, para a instalação do tal Software. Mas, pelo que senti, não seria nada virtual!

–A noite, como ele não pode dirigir, José das Delícias pegou um táxi, me apanhou em casa, convidando-me para um passeio e, sem pestanejar, cochichou para o motorista, que nos levasse para um Motel.

–Juro que eu tremia de emoção em estar nessa aventura louca, mas, ao mesmo tempo, cheia de desejos, sem a preocupação de dar alguma coisa errada, pois, como ele era cego, eu não deveria estar com vergonha de nada e nem maiores pudores, já que não haveria testemunhas oculares da história!

–Saltamos e ele combinou com o táxi que viesse nos buscar duas horas depois. Entramos no quarto, e você devia me ver, guiando o danado com sua bengala apontando para frente. Uma cena inusitada, digna de um filme de Frederico Fellini.

–Sentamos na cama, e sem palavras, começamos a nos acariciar, ele deixando sua bengala branca de lado, e beijando-me como se fosse um beija flor ensandecido. Eu, logicamente, não dei por menos, jogando-o para trás e começando a nos desnudar. Ele não tinha vergonha por que estava sedento, e eu porque não tinha ninguém vendo, Senti de perto o adágio popular; “Em terra de cego, quem tem um olho é rei!”. E eu como tenho os dois, estava me sentindo uma Rainha.

–E quando passei a mão por sua virilha, foi que vi a sua bengala avermelhada, que ao contrário da outra que evita que ele caia num buraco, aquela estava em riste doida para colocá-lo num buraco, e era o que eu mais queria naquele momento!

-Ele começou a beijar meus seios, descendo para o umbigo, onde deu linguadas das mais deliciosas, até chegar mais embaixo, deixando-me louca de excitação. Tirei os seus óculos, pois estavam me arranhando as coxas, e ele na sua loucura frenética, começou a lamber o edredom. Rapidamente puxei a sua cabeça e coloquei no lugar devido, sentindo como ele era bom tanto de língua como de Braille!

–Foi uma noite linda e cheia de amor, uma vez que o ceguinho deu duas sem tirar de dentro, talvez para não errar o buraco na segunda. Terminamos, levei o sapeca para o banheiro, tomamos um banho delicioso, nos arrumamos e ficamos esperando o táxi aparecer. E como estava demorando demais, ele resolveu ligar para sua equipe, solicitando uma viatura para busca-lo.

-Menina aí foi que fiquei morrendo de vergonha. Mas, para minha salvação, antes de atenderem a ligação, o taxi chegou e ele desligou o celular. Dei um suspiro, entramos sorridentes, felizes, saciados e contentes. Ele é discreto, fala pouco, mas, na cama é um Super Homem com visão de raio X e um vigor que deixa a gente mole. Minha filha foi o melhor “Software” que já coloquei em meu PC, acho que esse era em Braille. Inegavelmente, foi uma aventura raríssima, onde nas trevas voltei a ver a gostosa luz da vida!

– Minha filha, fiquei até com inveja de você, imaginando as cenas e posições que você colocava esse ceguinho das “delícias”!

-Amiga, hoje em dia temos que pegar cegos pra transar, pois, os homens que enxergam, estão todos casando homem com homem Há! Há! Há! Há!

-Pior que é mesmo. Tchau querida, Beijos!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras

 

 

                    

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